DIÁRIO DA PANDEMIA
- A rã escroto do Lago Titicaca (Telmatobius culeus), está ameaçada de extinção. Gostaria de sugerir ao Governo que estudasse a possibilidade de estampar o tal batráquio na nova nota de 200 croroquinhas. E por que? Primeiro, porque é a cara deste Governo que está aí; segundo, dá os seus pulinhos, e nisso também é a cara do Governo; e também principalmente porque faz o que sabe fazer melhor: nada.
- Ao cair da noite dei início ao espetáculo. Comecei com o Globo da Morte, dei chicotadas para domar o tigre, tirei lebres da cartola e fiz o perigoso número do trapézio. Em seguida, saí pelo corredor cobrando de cada condômino o justo valor pelo espetáculo. Na primeira porta que bati fui recebido pelo mais pesado silêncio. Em seguida vi que passavam um bilhete por baixo da porta. Estava escrito: “Não tem ninguém em casa”.
- Essa noite eu estava preparado para dar um esporro. Dormia tranquilamente quando um barulhinho começou a me incomodar. Era sutil, mas foi me dando nos nervos. Um fii fii baixinho, de encher o saco. Suportei o quanto pude. Depois dei um berro de arrasar quarteirão. Acordei metade do bairro, e ouvi quando todas as camas dos apartamentos se mexiam. Vamos ver se agora acaba esse fii fii… Deitei a cabeça no travesseiro e na minha primeira respirada identifiquei o maldito som. Era do meu nariz.
PÉROLAS AOS POUCOS: Os sabiás corriam pelos canteiros como se tivessem desaprendido de voar.
Nunca soube que os soubiás corriam. Não seriam quero-queros?