Estou assustado, tipo cachorro que late e o carro para. Porque tinha de me dizer isso. De brinca o amigo revelou o grande mistério de seis décadas de vida. O medo, o medo. Nunca o horror, aquele do no coração nas trevas. Não tinha isso, ainda criança, ao olhar o buraco sem fim do poço da água no meio do quintal. Mas bastou a notícia de que a filha do dentista ia provar a roupa que a mãe costureira fez… Sumi embaixo da cama na casa vizinha. Calado ouvi o desespero de gente me procurando. Teria caído na escuridão com água no fim? Sim, caí depois na vida ao me apavorar comigo mesmo e afogar qualquer pensamento de alguma coisa positiva. A solidão como câmara de tortura. A falta de coragem até para acabar com tudo – coisa nunca pensada. Até o dia em que apareceu. Estava na parede, asas abertas. Disseram que fazia parte da santíssima trindade. Olhei bem e logo estava voando com ele dentro. Foi só aí que enxerguei a luz. De tudo. Que sempre existiu, existe, mas eu não via. Assim.
Uma épica aventura do espírito!
Os pântanos lúgrebes nos atormentam toda vez que não sonhamos com jardins floridos.
Assim não vale. Misturar memória da infância com sugestão ao sexo e mais a descoberta da luz espiritual só pode dar texto bom. Fiquei de cara.