Devagar é o pranto
Que pinga à meia lua
E nua me espanto
Quando a língua
Se desnuda
A falar o quanto
Ainda sou sua
Para compor um verso
Que deveras não compactua
Com a morte da esperança
Com o que ainda
Se desvirtua
Quando ouço a sua voz
Que longe insinua
Melodias à meia-noite
E malícias cruas
Me faço de impotente
Perante a pele que sua
O veneno que embriaga
O gesto que perpetua
Uma alma que se entristece
Quando volta só pela rua
É seu teste que amortece
O que fora uma joia robusta
Sem lápides de febre
Sem seus olhos de fé injusta