DIÁRIO DA PANDEMIA
- Às vezes vou-me à janela e me ponho a berrar como cabrito desmamado. Ouvi o vizinho comentar: “É hoje!”
- Quando o vizinho de baixo bate na mulher ela chora em ritmo de samba.
- Vou para a cama sozinho e durmo acompanhado. Um cachorro que se mete entre as cobertas, vindo das lonjuras da infância; um burro velho que insiste em me roubar mais da metade da cama; e esta cobra que comprei no Pantanal onde jamais estive.