Do analista dos Planaltos
A cada atualização dos números da covid-19 em Curitiba, o pânico toma conta da população. De um lado, o avanço da contaminação pelo coronavírus é preocupante e merece todo cuidado. De outro, a desconfiança de que alguém pode estar manipulando números.
Aos fatos: segundo dados oficiais, Curitiba tem hoje 202 leitos de UTI do SUS dedicados exclusivamente para o atendimento de pacientes com covid-19, fora os leitos privados. E de acordo com as autoridades municipais de saúde, a cidade atingiu ontem 83% de ocupação nos seus leitos de UTI com pacientes de covid-19.
No entanto, em seu boletim diário, divulgado no final da tarde, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que “entre os pacientes com diagnóstico confirmado, 306 estão internados em hospitais públicos e particulares de Curitiba, sendo que 108 deles ocupam leitos de UTI.”
Assim, mesmo considerando todos os internados em UTIs públicas e particulares, teríamos no final um índice de 53,5% de ocupação, considerando-se apenas os 202 leitos públicos. Bem longe dos propalados 83% do discurso oficial. Isso não significa que devamos baixar a guarda diante da gravidade da pandemia. Mas também não tem sentido instalar o caos generalizado.
É preciso tratar o assunto com a gravidade e a responsabilidade que ele exige. Mas alguém anda fazendo conta errada nessa pandemia. Será que a intenção seria apenas a de criar o pânico?
Há uma máxima pejorativa da matemática, segundo a qual a melhor maneira de mentir é produzir estatísticas. Há até várias obras sobre o assunto. Uma delas, que seria um dos livros preferidos de Bill Gates, chama-se “Como mentir com estatística”, de Darrel Huff.