10:53NELSON PADRELLA

DIÁRIO DA PANDEMIA

  • Tumulto no corredor. Um rapaz foi apanhado descendo nu pela escada. Não estava de todo nu: Vestia cueca. E calça. E uma camisa esportiva cobria-lhe seios e costas. Nos pés, sapatos e meias. Sobre tudo, um sobretudo. Mas todos sabíamos que por baixo de toda aquela roupa esse degenerado estava nu como veio ao mundo.
  • Não tinha ninguém olhando, entrei no bonde da XV. No comando, Rafael avisava da partida. Vi Jaime sentado ali, com um vaso de plantas no colo: eram plantas de edifícios, de praças e jardinetes. O bonde seguiu em frente e eu disse: Rafael, aonde nos leva, rapaz? Ele apontou para o céu claro da noite estrelada, e para esse céu o bonde tomou rumo. Assim, sem dizer palavra, levou-nos ao mundo da lua.
  • Na edição passada, quando dissemos canalhas, biltres, bando de ostrogodos, queríamos dizer queridos leitores. E adiante, onde dissemos vão para o inferno, queríamos dizer vocês são benvindos, e na parte onde dissemos não se podia esperar outra coisa desse bando de energúmenos, queríamos ter dito parabéns pra você nesta data querida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.