9:59Bolsonaro arma três emboscadas para si mesmo

por Josias de Souza, no UOL

Pior do que uma crise, só duas crises. Ou três. Jair Bolsonaro chega às portas do segundo semestre com o coronavírus à solta, com a economia travada e com o hálito quente da Justiça na nuca.

O presidente tornou-se a encarnação da instabilidade. Magnifica a crise sanitária, retarda a agenda anticrise econômica e fabrica uma crise política ao insinuar que STF e TSE tramam contra o seu mandato.

Num intervalo de poucas horas, Bolsonaro disse que “eles estão exagerando”. E esboçou uma reação caricata: “É igual uma emboscada. Você tem de esperar o cara se aproximar. ‘Vem mais, vem jogando ovo e pedra’…”

Na percepção de ministros do Supremo, alguns com assento também no TSE, Bolsonaro ensaia um teatro. Algo capaz de convencer a sociedade —ou pelo menos os seus devotos— de que é vítima de um complô para derrubá-lo.

Apenas Bolsonaro e seus operadores sabem onde está o buraco. Os investigadores observam o frenesi e supõem que o tamanho não é pequeno.

Os pesadelos do capitão são adornados por disparos de notícias falsas na rede, alvos do STF e do TSE. Os magistrados sustentam que Bolsonaro não tem com o que se preocupar, a menos que tenha feito algo errado.

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