por Josias de Souza, no UOL
Pior do que uma crise, só duas crises. Ou três. Jair Bolsonaro chega às portas do segundo semestre com o coronavírus à solta, com a economia travada e com o hálito quente da Justiça na nuca.
O presidente tornou-se a encarnação da instabilidade. Magnifica a crise sanitária, retarda a agenda anticrise econômica e fabrica uma crise política ao insinuar que STF e TSE tramam contra o seu mandato.
Num intervalo de poucas horas, Bolsonaro disse que “eles estão exagerando”. E esboçou uma reação caricata: “É igual uma emboscada. Você tem de esperar o cara se aproximar. ‘Vem mais, vem jogando ovo e pedra’…”
Na percepção de ministros do Supremo, alguns com assento também no TSE, Bolsonaro ensaia um teatro. Algo capaz de convencer a sociedade —ou pelo menos os seus devotos— de que é vítima de um complô para derrubá-lo.
Apenas Bolsonaro e seus operadores sabem onde está o buraco. Os investigadores observam o frenesi e supõem que o tamanho não é pequeno.
Os pesadelos do capitão são adornados por disparos de notícias falsas na rede, alvos do STF e do TSE. Os magistrados sustentam que Bolsonaro não tem com o que se preocupar, a menos que tenha feito algo errado.