por Renato Terra
Nasci nos anos 1950 numa cidade modesta. No tocante à família, fiz igual aos meus pais e botei no mundo uma penca de filhos. Tenho histórico de atleta. Fiz carreira militar e me formei na Academia Militar nos anos 1970.
Esse tempo no quartel foi fundamental para minha formação política. Até organizei um golpe, digamos, bombástico. Não deu muito certo, mas serviu para pôr meu nome na mídia. Tem até um registro em que apareço de uniforme e boina vermelha.
Acabei arrumando um jeito de me safar da prisão. Estava livre para iniciar a vida política.
Consegui reunir o apoio daqueles que concordavam com minha ideologia. Surfei na polarização. Cresci no confronto, porra. Sorte minha que Deus me deu uma oratória marcante. Eu sei falar direto com o povo. Apelei aos valores tradicionais do patriotismo e da Bíblia. Eu e meus apoiadores vestimos as cores da nossa bandeira.
Com ideias radicais, ganhei popularidade. Tornei-me a face reluzente de uma candidatura antiestablishment. Formei um grupo fiel de apoiadores que estariam comigo para o que der e vier. Uma fidelidade bovina. Consideravam-me um “mito”.
Era um momento em que ninguém aguentava mais tanta corrupção, tantos escândalos envolvendo as empresas de petróleo. Todo mundo estava de saco cheio dos políticos. E o povo comprou meu discurso. Fui eleito presidente com cerca de 56% dos votos com ajuda do povo de Deus e, finalmente, tirei do poder o grupo político que governava havia mais de uma década.
Assim que fui eleito, eu disse: “Impulsionarei as transformações democráticas”. Os babacas da oposição diziam que eu era populista. Panacas! Ninguém me deixava governar!
Os babacas depois vieram com a ladainha de que aparelhei o Estado para perseguir meus inimigos. Eu reagi: disse que a população precisava andar “bem equipada e bem armada”. De tanto ser atacado pelo Supremo Tribunal, mudei aquela bagaça e fiz com que os juízes realmente trabalhassem em prol do país.
No meio do caminho, alguns apoiadores pularam fora do barco. E foram tratados pelo que são: traidores!
Comprei briga com os meios de comunicação que só queriam me derrubar. Pus de pé uma estratégia para acabar com a mamata da extrema imprensa. Fui acusado pelos antipatriotas de ser um ditador. Babacas!
Ah, deixe me apresentar. Tinha esquecido. Meu nome é Hugo Chávez.