12:36Sérgio Porto por Sérgio Porto

Auto-retrato do artista quando não tão jovem

Atividade profissional: Jornalista, radialista, televisista (o termo ainda não existe, mas a atividade, dizem que sim), teatrólogo ora em recesso, humorista, publicista e bancário.

Outras atividades: Marido, pescador, colecionador de discos (só samba do bom e jazz tocado por negro, além de clássicos), ex-atleta, hoje cardíaco. Mania de limpar coisas tais como livros, discos, objetos de metal e cachimbos.

Principais motivações: Mulher.

Qualidades paradoxais: Boêmio que adora ficar em casa, irreverente que revê o que escreve, humorista a sério.

Pontos vulneráveis: Completa incapacidade para se deixar arrebatar por política. Jamais teve opinião formada sobre qualquer figurão da vida pública, quer nacional, quer estrangeira.

Ódios inconfessos: Puxa-saco, militar metido a machão, burro metido a sabido e, principalmente, racista.

Panacéias caseiras: Quando dói do umbigo para baixo, Elixir Paregórico; do umbigo para cima, aspirina.

Superstições invencíveis: Nenhuma, a não ser em véspera de decisão de Copa do Mundo. Nessas ocasiões, comparativamente, qualquer pai-de-santo é um simples cético.

Tentações irresistíveis: Passear na chuva, rir em horas impróprias, dizer ao ouvido de mulher besta que ela não é tão boa quanto pensa.

Medos absurdos: Qualquer inseto taludinho (de barata pra cima).

Orgulho secreto: Faz ovo estrelado como Pelé faz gol. Aliás, é um bom cozinheiro no setor mais difícil da culinária: o trivial.

Assinado, Sérgio Porto, agosto de 1963

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