Melhor do que o psiquiatra, só a mãe dele. Descobri isso no dia em que contou como ela fazia para lidar com os filhos cheios de dengo – que não tem nada a ver com dengue. Treinados para fazer a chantagem emocional, tradicional, aquela capacidade de deixar quem os tinha colocado no mundo como culpados de todas as mazelas que achavam ter, insistiam em despejar no ouvido dela um… “sou infeliz porque sou feio (a)”, etc. Com o olhar no estilo ‘tô nem aí’, um dia ela conseguiu a liberdade balançando a cabeça como um Gabigol e respondendo, mordaz: “É verdade! É sim!” – e completava: “Por isso nunca vai conseguir namorada (o) ficará para a titia reclamando da vida até o fim dos tempos”. Ouvi aquilo e, logo que saí do consultório, comecei a telefonar para todos os amigos e amigas que relatavam o mesmo chororô a que eram submetidos, dilacerados que eram por uma culpa que nem sabiam de onde vinha. Por isso aceitavam segurar a barra dos marmanjos e marmanjas. Voltei tão satisfeito para casa mas, ao chegar, um telefonema me atravessou. Ouvi atento tudo e, assim que o outro lado parou de falar, respondi: “Sim, claro que faço. Está precisando de um dinheirinho para a pedicure? Já coloco em sua conta. Agora, me diga: quando vem visitar o papai? Tá bom! Só depois da festa de aniversário dos 50 anos. Eu espero.”