De Rogério Distéfano, no blog O insulto Diário
BURT WARD, ator dos EUA, fez o Robin no seriado Batman, que foi ao ar entre 1966 e 1968. Em entrevista conta do problema durante as filmagens: o tamanho de seu pacote, que sobressaía na sunga que compunha o traje do personagem. Os produtores insistiram que reduzisse o volume da região. Burt/Robin até que tentou, usando medicamentos que reduziriam o tamanho do pênis. Ficou com medo e três dias depois parou. Resolveu o problema de imagem com a capa do Robin, com a qual escondia o volume. Pela foto acima a artilharia do Menino Prodígio não sinaliza esse prodígio todo.
O repórter, claro, não podia deixar passar e indagou se Adam West, o Batman, não tinha problema igual. Qual nada – e aqui Burt/Robin trai uma ponta de mágoa diante do colega – ele envolvia o pênis em toalhas para aumentar o volume. Toalhas? A gente logo imagina aquelas de mão ou de rosto, felpudas como devem ser, e, abismados vem o choque sobre a pequenez da genitália do heroi de Gotham City, que além do instrumental tecnológico para abater os bandidos, tinha mais esquema dentro da cueca para abater a má impressão. Não como os toureiros espanhois, que envolvem o pacote em lenços de seda.
Essa obsessão com super-herois que o cinema norte-americano nos impinge, além de revelar a deficiência de caráter dos gringos, acaba levando o espectador ao auto-engano. Conheci dia destes um moço rico, alto, bonito, sempre calçado em Porsches e motos japonesas, fissurado em super-herois. Ele contava que chorou no último Homem de Ferro quando o personagem morreu. Só de maldade contei-lhe – Bob Nunes é seu nome – que Brad Pitt havia recusado fazer o Super Homem. O motivo, terminativo: “Vou lá fazer um personagem que usa a sunga por cima da roupa?”. Bob Nunes ouviu. E chorou de novo.
Aproveitando a deixa, gostaria de lembrar que todo super-herói americano tinha um amiguinho de aventuras noturnas. Menos Super Homem, mas esse era de outro planeta. Assim, Capitão América tinha o Buck, Tocha Humana tinha o Centelha, Mister Escarlate tinha o Pink, Homem Morcego tinha o Robin, Zorro tinha o Tonto, Capitão Marvel perseguia uma minhoca. Está tudo explicadinho pela boca do Padre Flores no meu romance O Menino (Editora Chiado, Lisboa, 2017) lido por mais de quatro pessoas. E tinha os super heróis que enganavam, como Mandrake que namorava o Lothar mas fingia que seu caso era a Narda. Tinha o Fantasma Voador que se amarrava mesmo era no seu seu Pig meu. Sobrou o Tarzan, coitado. Tava lá no mato com seu Boy quando a crentarada da época caiu de pau (epa!), criticando que o piá não podia ser filho de verdade porque daí ele teria transado com a Jane, e não sendo oficialmente casados, isso não podia. O que fazer agora que todo mundo já tinha assistido ao filme “O Filho de Tarzan”? Dizer que o piá foi encontrado no mato, abandonado talvez por tuaregs… Os americanos inventaram os super heróis. Nós tínhamos apenas heróis. Na realidade, tenho lembrança de apenas um personagem das HQs brasileiras: Capitão Atlas, que hoje seria defenestrado por defender a Natureza.