As armaduras viajam no tempo para nos blindar. Mas ao contrário do que imaginamos, não é dos outros seres terrestres ou alienígenas. Elas nos encarceram – e se não encontramos os abridores de lata… nos sufocam. Porque o corpo cresce ali dentro e, ao que parece, elas foram feitas para envolver as crianças anjos assim que começam a pensar, olhar em volta – e ter medo. Quando meus olhos estavam esbugalhados para fora do elmo, apliquei anestésicos nas retinas dos olhos. Não adiantou. Fiquei apenas alucinado da pior forma possível, porque não via saída e, só depois descobri, os olhos da alma são outra coisa. Consigo ver a multidão enclausuradas em suas próprias neuras. Muitos disfarçam, riem, se apegam nas bobagens mais absurdas para disfarçar a dor do aperto constante. Alguns pelo poder, dinheiro, beleza… tudo misturado a sexo como os cachorros fazem na rua. Alguém enfiou uma lâmina poderosa no meu peito e rasgou o metal. Foi com uma palavra, porque ela tinha se livrado do sufoco dela, mesmo com risco de morte, e sobreviveu para apontar um caminho – mesmo sem saber direito. Ganhar a liberdade da escolha foi e é como um milagre. Minha armadura está voando por aí, mas prefiro ter o corpo e a mente livres – até para me ferir, pois acontece. Nada, contudo, que não possa dar um jeito e seguir.