O menino estava caído no chão da sala. Ao lado da cabeça, um copo plástico azul, daqueles com canudo acoplado, virado. O líquido, que parecia ser café com leite, todo esparramado no assoalho. Uma criança que entrou cedo nas alucinógenas para descobrir o que ele e nem ninguém sabe. A mãe na cozinha parecia viver em outro mundo, mas o da passividade que, certamente tomou conta de forma doentia porque não sabia como lidar com aquilo. E quem sabe? Pensei isso porque só não viajei pelos cogumelos, lírios e sintéticos por medo de não voltar. Na cabeça, uma sentença: se for para o outro lado, quero estar lúcido. Que piração! Depois o menino acordou e a conversa pareceu de doidos, cada um ao seu estilo. Ele usou o clichê dos clichês: “Sou contra o sistema”. Eu, careta amansado, disse então para ele fazer a trouxa e se mandar daquela casa da família dele, a base do que ele era contra. Ele ficou quieto. Eu fui embora. Para o sistema. O meu. Nunca mais soube do menino, mas aprendi a saber um pouco de mim.