por Eduardo Moreira, no blog EM
Provavelmente você já deve saber que a Caixa Econômica Federal anunciou uma redução dos juros no cheque especial de 9,99% para 4,99% ao mês.
Esse anúncio é o maior atestado da “agiotagem” oficial efetuada pelo sistema financeiro junto ao povo pobre e trabalhador brasileiro
Afinal, os bancos sempre afirmam que as altas taxas de juros é consequência da burocracia e inadimplência, o que não é verdade.
Inclusive é importante lembrar que a dívida das famílias brasileiras em relação à renda é uma das menores do mundo. No entanto, a carga de juros dessa dívida sobre a renda das famílias é disparada a maior do mundo. Ou seja, todo esse lucro vai para os bancos.
E ainda assim, a FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos, insiste em apresentar cartilhas afirmando que as taxas de juros não podem ser reduzidas.
Basicamente o que os bancos têm feito com esses juros extremamente elevados é simplesmente saquear o mínimo de dinheiro que as pessoas têm para ter alguma dignidade em sua vida. E o pior, é que os Órgãos centrais patrocinam e apoiam ao invés de combater.
Outro exemplo claro de que as altas taxas de juros são abusivas é a negociação do Serasa. Atualmente no Brasil quase 64 milhões de pessoas estão humilhados com o nome sujo no SPC e todos os anos o Serasa promove o feirão para dar um desconto de até 90% da dívida. Ou seja, esses 90% são juros que seriam utilizados para roubar dinheiro do povo.
Com funciona o Estado Brasileiro
Hoje o Estado brasileiro existe para transferir renda de quem trabalha e de quem produz para “meia dúzia” de pessoas que vivem da especulação financeira e da agiotagem oficial.
Quando há uma ação como essa da redução dos juros da Caixa Econômica, é importante lembrar que ela continua lucrando e a agiotagem oficial também continua.]
A REDUÇÃO DOS JUROS É A PROVA DA AGIOTAGEM FEITA PELOS BANCOS.
A verdade é que a taxa de juros dos bancos no Brasil poderia ser mais baixa, tanto é que mesmo em um momento de crise como esse, a taxa selic é a menor da história.
E isso só acontece porque no Brasil o Banco Central foi “entregue” muitos anos ao controle do sistema financeiro. Tanto é que, a cada 100 operações financeiras que acontecem no Brasil hoje, 85 são controladas por apenas cinco bancos.
É curioso perceber que com essa ação a Caixa Econômica pode ter lucro até maior. Porque ao promover a redução dos juros, imediatamente ela vai causar um aumento do acesso ao cheque especial e pode atrair mais clientes. Ou seja, ela ganha um pouco menos por operação, porém, ganha muito mais porque vai aumentar o seu mercado.
E o que vai acontecer agora muito provavelmente?
Todos os bancos vão reduzir suas taxas também porque eles não querer perder a concorrência!
O papel das estatais
Essa ação de redução dos juros da Caixa Econômica é reflexo de como as estatais podem e devem existir para cumprir seu papel de criar equilíbrio no mercado.
Porque se todos os bancos fossem privatizados, por exemplo, o Estado não teria a oportunidade de intervir onde é necessário.
A redução dos juros da Caixa Econômica mostra duas coisas:
1 – As altas taxas de juros dos bancos são uma extorsão ao povo brasileiro.
2 – Privatização não é solução para o equilíbrio do mercado.
E é simples de entender, aqui vai um exemplo para ficar mais claro:
Se em uma cidade existem três postos de gasolina, o que pode acontecer? Os três donos se reúnem, combinam um preço mais alto, ficam como se estivessem concorrendo por 1 centavo e você acaba pagando mais caro.
Isso chama-se oligopólio, ou seja, um determinado segmento do mercado está nas mãos de poucas empresas.
Por isso, é fundamental que o Estado tenha capacidade de regular por um lado, e competir com o oligopólio por outro lado para garantir a justa competição. Aliás, essa é a definição de mercado, caso contrário é exploração dos pobres e da classe média.
Caro Eduardo
Há mais de 3 décadas comecei a falar no papel de regulador do mercado de agiotagem pura praticada pelos bancos, privados ou não, aí incluídos o BB e a CEF.
Essa orgia desenfreada de cobrança de juros e taxas escorchantes, com o beneplácito das “autoridades” que comandam o sistema financeiro nacional, causa espanto no exterior e vergonha em nossa própria casa.
Parabéns, amigo Eduardo, você comprovou que eu tinha carradas de razão.
Como, aliás, continuo a ter nesse quesito…
Abracao do
Wilson Portes (jornalista).
A propósito, ainda, o BB e a CEF
Jamais concordaram em sair da zona de conforto representada por escandalosos lucros, mesmo em períodos de recessão do país.
Se tivessem comprometimento com ações sociais, esses mesmos bancos do governo poderiam estar hoje em situação diferente
da enfrentada atualmente, com o sucateamento das carreiras e das próprias organizações.