7:27Falta vergonha na cara e seriedade na gestão pública

por Célio Heitor Guimarães

Quantas vezes o roedor do Palácio Iguaçu já viajou ao Exterior desde que assumiu o governo no início do corrente ano? Inúmeras. Estados Unidos, China, Estados Unidos outra vez, Europa. No momento, está na Espanha. O que foi fazer lá? Talvez tenha ido à procura da personalidade de governante que lhe falta, conforme descobriu um ilustrado colaborador deste blog. O interessante, porém, é que sempre que surge (ou vai surgir) um problema na administração pública estadual, o Ratinho mirim embarca para fora do país. Na greve dos servidores de junho/julho, estava nos States. Agora, enquanto se encontra na Espanha, um projeto de lei foi encaminhado pelo governo do Estado à Assembleia Legislativa, aumentando de 11% para 14% o desconto nos salários do funcionalismo, incluindo inativos e pensionistas, em favor da previdência estadual.

A elevação se justificaria – segundo os sábios da Ratolândia – pelo fato de o Paraná enfrentar um déficit. “O que se arrecada a título de contribuição dos servidores não é suficiente para o custeio do Sistema Previdenciário. No ano de 2018, o déficit suportado pelo Tesouro foi de R$ 5,4 bilhões. Para o ano de 2019, a projeção é de R$ 6,3 bilhões” – garantem as eminências.

Déficit ?! Suportado pelo Tesouro?! Um momento, excelências! Cadê os R$ 8 bi que o funesto Beto Richa, antecessor e aliado do roedorzinho, surrupiou durante o seu desgoverno do Fundo Previdenciário estadual, através de malandras manobras, como transferir 33 mil servidores do fundo financeiro para o fundo previdenciário? Essa prática mal cheirosa fez, por óbvio, com que o fundo de aposentadoria dos servidores escoasse rapidamente, causando a insegurança do sistema. Só pela desastrada descapitalização do ParanaPrevidência, Betinho e seus asseclas legislativos deveriam estar respondendo criminalmente.

Aliás, esse assunto da previdência pública, particularmente no caso do Paraná, é de uma canalhice atroz. Tivessem um mínimo de vergonha na cara, nossos governantes não voltariam mais a ele. E se houvesse vida inteligente e consciência no Legislativo estadual, o projeto de lei enviado na segunda-feira à Assembleia seria devolvido ao seu mentor, com as homenagens de estilo. Todos estão cientes de que:

(1)  aposentados e pensionistas não têm por que pagar a previdência social, não há motivação nem objetivo para tanto; já pagaram durante toda a vida funcional, formaram um pecúlio, que agora, na inatividade ou como pensionistas, têm direito de receber;

(2)  se há déficit no sistema previdenciário, ele é devido à incompetência, à incúria ou à indecência dos governantes.

Ademais, além de não cumprir a parte que lhe cabe, na condição de empregador, o governo executa uma fraude contábil nos cálculos das receitas e despesas com a seguridade social, como muito bem demonstrou a professora de economia da UFRJ Denise Gentil em sua tese de doutorado. Segundo a economista, o governo pega a receita de contribuições previdenciárias, que é apenas uma das fontes de receita, e dela subtrai o total dos gastos com benefícios previdenciários. No entanto, esquece-se que ao criar o sistema de seguridade social, a Constituição Federal (arts. 194 e 195) estabelece que o dinheiro arrecadado para a seguridade não pode ser gasto com outras coisas – que é exatamente o que os governantes têm feito.

Quando a coisa aperta, vão direto no bolso dos contribuintes, especialmente daqueles já com idade avançada e carentes de medicamentos e assistência médica. E já sem bala na agulha para atirar. No mínimo, uma crueldade, para não dizer covardia.

Os 3% a mais não farão grande diferença no caixa do sistema previdenciário do Estado, mas, com certeza, representarão novo pesado encargo para os servidores estaduais, sobretudo os aposentados e as pensionistas.

O pior de tudo, porém, – já disse aqui e repito – é que, no jogo da manipulação, ganham destaque os órgãos de comunicação, que oferecem fôlego para essa impostura, responsabilizando, com apetite e prazer, os servidores públicos. Lamentável.

 

 

4 ideias sobre “Falta vergonha na cara e seriedade na gestão pública

  1. Zangado

    Enfoque oportuno e pertinente do assunto. A previdência estadual do servidor público foi delapidada por culpa dos últimos governantes, todos de triste memória. O mais lamentável é que não foram e nem serão responsabilizados pelas suas ímprobas e rapinosas gestões desse patrimônio dos servidor público. O legislativo e o judiciário quando subiram as alíquotas logo se beneficiaram da famigerado e ilegítimo auxílio moradia, enquanto servidores e principalmente aposentados e pensionistas amargam as espúrias contribuições previdenciárias, a combalir ainda mais seus vencimentos. E agora esse projeto que a ratazana do executivo sequer teve a hombridade de assinar a mensagem, deixando para seu vice. É o “novo”, o horror.

  2. MERITROCACIA

    “Essa falta de vergonha na cara e seriedade na gestão pública” está totalmente descontrolada. Nas estatais os cortes nos salários estão sendo feitos em funcionários com 25, 30 anos de carreira que agora no final de sua vida, que poderiam usufruir de uma vida com qualidade, terão que arrumar um extra para poder manter sua familia. Pois esta nova Adminsitração está pouco se lixando para os funcionarios públicos ou de estatais, pois como tem muita gente para mamar na teta , vamos ferrar com os mais velhos e dar super salários para os amigos do rato, antes era do rei….
    Primeiro CHOQUE DE GESTÃO, agora GOVERNO 5.0… e sempre nos é que pagamos.

    CADE A MERITROCRÁCIA???? Tenho 28 anos de estatal e hj meu salário é menor do que uma diarista. É uma vergonha. Diretores não estão preocupados, pois hoje ganham 70 a 100 mil, se perderem a boquinha, vão para outra estatal para ganhar quem sabe um pouco menos, 50 a 60.000 mil… Queria ver este povo conseguir passar um mês com um salário mínimo… infartavam… Vamos agir Governador, vamos saber o que anda acontecendo com os funcionários das estatais e públicos que estão sendo tratados como lixos pela sua EQUIPE ADMINSTRATIVA . Tá na hora de chamar para uma conversinha, ou só na hora da reeleição que o Senhor vai lembrar de nós???

  3. Silvio Carlos

    Pior ainda que esse aspirante de camundongo se nega a conceder o repasse da inflação acumulada que ja chega a 17 % ais servidores do executivo pq os apaniguados do judiciario, legislativo, TC e MP receberam religiosamente.

  4. Parreiras Rodrigues

    Zangado tem razão quando fala que os “últimos governantes” tacaram as mãos nos aposentados. Antes do Beto, o famélico Requião.

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