7:37Delações

Do Analista dos Planaltos

A revelação feita ontem pelo executivo Aldo Marchini, na CPI da JMK, na Assembleia Legislativa do Paraná, de que foi pressionado a fazer delação para supostamente incriminar Beto Richa e Ratinho Jr, caiu como uma bomba nos ouvidos de muita gente boa. Principalmente para quem acredita que delações são precedidas de boas maneiras e diálogos civilizados. Não é bem assim.
No caso em tela, como diriam os causídicos, a pressão teria partido de um delegado da Polícia Civil, que integrou o grupo que fez a prisão do executivo e de sua família. A proposta teria sido direta: você entrega o Beto Richa e o Ratinho Jr e sua família será libertada imediatamente. Simples, sem nenhuma surpresa. Mesmo assim, o executivo disse que recusou a oferta, porque nada tinha a dizer ou a inventar.
Como “castigo” por sua recusa, Marchini foi transferido do Complexo Médico Penal de Pinhais para uma cela no 11º Distrito Policial, na Cidade Industrial de Curitiba, onde estavam outros 24 presos e somente 12 camas. Segundo contou aos deputados, alguns dias depois seu advogado conseguiu reverter a transferência.
Já é de amplo conhecimento pelo menos mais um caso. Eduardo Lopes de Souza, da malfalada Construtora Valor, que deu um golpe na construção de escolas e por isso é peça-chave na chamada Operação Quadro Negro, contou a alguns amigos que, logo no início de sua segunda prisão (pedida pelo Gaeco), propôs a promotores um acordo para terminar as obras das escolas com a venda de patrimônio e empréstimos, mas eles não aceitaram. “Queriam que eu entregasse o governador”, afirmou Souza.
Disseram mais: a conclusão das escolas não era problema dos promotores, eles não tinham interesse nessa solução.
São dois fragmentos de que há muito mais coisas no céu do que nuvens e aviões. Se por um lado o instituto da delação, introduzido na legislação brasileira em 2013, ajudou a desvendar casos escabrosos de corrupção, de outro fica claro também que tem gente usando esse caminho para fazer política e ferrar com adversários. Alinham-se nesse lado promotores, delegados e delatores.
Urge separar a verdade da mentira. Sob pena de o Brasil virar terra de ninguém, onde o algoz de hoje será o criminoso de amanhã.

 

4 ideias sobre “Delações

  1. Jacó

    Bando de corruptos vender o proprio bem e terminar as escolas…. É uma inversão de valor. Querem vender a ideia de perseguição ao rei da corrupção de todos os temos

  2. Tuca Bituca

    O cara da Valor iria construir em liberdade o que roubou no governo?
    Promotor criminal não faz acordo como estes procuradores aí da Lava Jato com as empreiteiras de pedágio.
    Aliás quem vai fazer CPI das Leniencias?

  3. Tuca Bituca

    Rouba a bicicleta do cidadão e depois se propõe a devolver o “camelo” e ficar tudo bem?

    Ladrão é ladrão.

    “Já é de amplo conhecimento pelo menos mais um caso. Eduardo Lopes de Souza, da malfalada Construtora Valor, que deu um golpe na construção de escolas e por isso é peça-chave na chamada Operação Quadro Negro, contou a alguns amigos que, logo no início de sua segunda prisão (pedida pelo Gaeco), propôs a promotores um acordo para terminar as obras das escolas com a venda de patrimônio e empréstimos, mas eles não aceitaram. ”

    O ladrão deu o golpe.
    Simples.
    Foi preso.
    Ladrão preso.
    Senão estaria bebendo e bebendo nos bares da vida com carrões importados.

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