Como se a existência
Balançasse ao redor
Vejo o furor das fantasias
Se inebriarem de poesia
E em um instante
Passo a redimir adeuses
A constâncias e lembranças
Do que saberia dizer
Se o acaso não se afastasse
Das margens do mar
Buscando as singelas simbologias
Vejo-me transparente
Ao súbito remédio dos deuses
Que nos fitam com frieza
E desfazem a certeza
De que haverá a sacristia
De uma ave sem memória
Dos rebentos e tormentos
Sobram cores esparsas
E a nossa fixação no mistério
Torna-se vida e sacrilégios
Para que na caminhada do dia
A noite rememore a poesia
Retumbante, cintilante
E nos façamos amantes
Da prosa, da rebeldia