por Renato Terra
Comovido com a enfática convocação de blogueiros governistas, o AI-5 prometeu se apresentar novamente em toda a América do Sul. O show de abertura ficará a cargo da grande revelação brasileira de 2019: o Gabinete do Ódio. O músico Lobão recusou o convite para dar uma canja.
A convocação mobilizou diversos fã-clubes. Alguns já se movimentam para armar acampamento em Brasília. Carros oficiais já começam a circular pela capital com um adesivo no vidro traseiro: “AI-5: eu vou”.
A briga por ingressos, no entanto, causou desentendimentos entre diversos fã-clubes. Nando Moura acusou Rodrigo Constantino de pedir dinheiro emprestado para pagar meia-entrada. Carlos Bolsonaro brigou com Major Olímpio por lugares na área VIP, enquanto Allan dos Santos xingou Felipe Moura Brasil por vazar o setlist na revista Crusoé. Bernardo Küster mordeu as próprias nádegas ao saber que não estava incluído no ônibus fretado por Leandro Ruschel.
Irritado, Filipe Martins socou a mesa e praguejou: “Corvus oculum corvi non eruit!”. Em seguida, enviou emissários para pedir a união entre os fã-clubes.
Eduardo Bolsonaro fez coro e ressaltou que a divisão pode favorecer a volta do PT, do sarampo e do Los Hermanos.
Emocionado com o clamor popular e com os fartos desentendimentos da esquerda e da direita, o AI-5 elogiou a organização do evento. “O Brasil de hoje oferece todas as condições para nos receber de braços abertos. Há tempos não víamos tantos atritos autoritários do poder central com o Legislativo, com o STF e com a imprensa. A censura nos editais de cultura, o linchamento de opositores do governo, o enfraquecimento dos órgãos de controle. Sem falar no êxtase coletivo com a violência do Estado aliado à impunidade dos agentes da lei que cometem excessos. A chama dos tuítes polêmicos, a criminalização daqueles que lutam pelos direitos humanos, o descaso ambiental. Tudo isso é música para nossos ouvidos”, celebrou o AI-5, em uníssono.
*Publicado na Folha de S.Paulo
O Renato Terra podia usar seu talento pra escrever algo com alguma utilidade, não gracinhas.