Viver é um eterno alvorecer
Na madrugada
Na alada voz de permanecer
No vindouro sustentáculo
Da sublime graduação de estar
Estático, emblemático
Caleidoscópico e hipnótico
Vir a ser
Sou alma na frigidez
A um palmo da lucidez
Porque sou magnética
E cinestésica
Poética do vapor
Da sagacidade a seu dispor
Cor, amor, dor e ardor
Da cratera do pudor
Roendo a marginalidade
De um cantor
Que não cansa
Que apenas dança
A vingança, o tambor
Faço maestrias
Desfaço magias
E mesmo assim
Me doo
Na memória
Na história
No tumor
De uma veia secreta
De um antigo sabor
De calmas sem glórias
De drogas sem humor