de Nilson Monteiro
Nasceu em mim uma estrela decadente,
atravessou os seios das montanhas,
lambeu a espuma do mar
e se fez úmida na noite,
única no céu descascado.
Brilhou nos olhos de crianças,
dançou nas lágrimas de velhos
meneou em nádegas moças
e se faz faca no breu,
única no porão embolorado.
Refletiu em bocas molhadas,
soluçou em talhos de pedra
passeou em jasmins de ouro
e se fez cicatriz no gelo,
única no suspiro do alívio.
Cravou as pontas na madrugada,
embirrou pelas janelas
confundiu pragas e sentimentos
e se fez luzir mansa no infinito,
única no dia fatiado.