De Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário
“Eu não entrei no governo para sair”
Sérgio Moro, entrevistado na Globonews, sobre sua possível saída do governo. Bem feito pra mim. Estava quase dormindo, mas teimoso insistia na leitura do ‘As palavras e as coisas’, de M. Foucault. Chegava na página 200 e não queria entregar os pontos. O livro é chato, irritante, uma viagem de LSD. Mas como dizem que é leitura indispensável, volto a ele duas vezes por semana. De higiene mental abro o Globo e caio na entrevista do ministro Moro.
Não deixei Foucault por ser escuro para ir a Moro à procura de luz. Continuo confuso. Moro não chega aos pés de Foucault, cuja obscuridade é resultado da erudição transbordante e do talento excepcional de extrair conclusões que ao leitor comum parecem incongruentes e arbitrárias . Mas Moro, por favor, aquela cabeça está confusa demais. Começo a pensar que sempre foi confusa. Quanto ele tenta ser habilidoso e inteligente, faz exato o contrário.
“Não entrei no governo para sair” parece revolução metafísica, picada aberta na floresta semiótica. Quem entra num lugar um dia vai sair, é da natureza das coisas. Sai-se até dos braços da mulher amada. Tem que sair – precisa, quer, a natureza manda, assim exige quem põe lá. Admito que a frase representa a quintessência do melhor discurso bolsoignaro. Mas tem sido exclusividade dos ignaros de um neurônio – morons, idiotas, em inglês de Dallagnol. Como o Mito, como Damares. Mas Moro, moron?