de Fernando Muniz
Um famoso, galã da TV, mais dois estivadores, um alto e outro baixo, fazem sexo em uma biblioteca.
O famoso se senta em uma poltrona de couro, enquanto o baixinho sobe em seu colo, de costas, com as mãos nos joelhos, sendo penetrado. Conversam amenidades, riem um pouco. O alto permanece em pé, acariciando os dois, na verdade se agarrando neles.
Saem da sala, vão até um quarto anexo e continuam a fazer sexo, agora sobre uma cama, embolados, durante um bom tempo. Até que adormecem.
O galã acorda, preocupado com o horário. “Preciso ir trabalhar. Vamos fazer mais um pouco?” Os estivadores concordam.
Retornam à biblioteca e recomeçam o ritual de sentar-se na poltrona, sentar-se no colo e serem penetrados, com o que está em pé se agarrando aos que estão sentados. Trocam de posição e tornam a fazer a rotina, até todos terem se sentado na poltrona, no colo, sido penetrados, ido ao quarto e se embolado.
Quarto, biblioteca, quarto, biblioteca, quarto, biblioteca. Mesmas risadas, mesmas frases triviais. Como se caminhassem no vácuo de um filme, cujas sessões seguem ininterruptas.
Em moto-contínuo.