por Thea Tavares
Admito: estou em contagem regressiva para o feriado. Podem dizer o que quiserem, é mesmo um caso explícito de prazo de validade vencido. Tenho grandes planos para curtir esse período e a primeira atividade da lista é dormir. Sério! Ranzinza convicta, lavro atestado de velhice e tudo, mas me permitam tamanha ambição sem julgamentos. De verdade, nem ligo. Se não dormir, nem eu me aguentarei depois de tanta chatice.
Disseram-me que saiu uma reportagem recentemente abordando o fato de que sono não se repõe. Uma vez perdido, perdido ficará! Estocar, portanto, também parece não fazer qualquer sentido. Fato é que de um dos dias de feriado que se aproximam, me desculpem os mais pilhados, mas eu quero mesmo é hibernar. Se esfriar, bater um vento mais fresco, chover, então, vai ficar do tipo!
E se sobrar espaço na agenda, tem leitura me esperando no criado mudo; basta esticar o braço. Tem seriado na TV me chamando para maratonar, plantas pedindo atenção, casa clamando para ser bagunçada e espaços vazios implorando por sons, ruídos e falas que preencham seus quatro cantos. Mesmo quando não se quer fazer nada, sempre há com o que se ocupar. Não adianta!
Os vizinhos que me desculpem, mas o repertório será o de sempre e a plenos pulmões. Aliás, descobri que havia alguma coisa de errado com minha “playlist” quando a filha voltou chateada do karaokê. Segundo ela, um grupo grande de meia idade, que estava em outra mesa, monopolizou o microfone para cantar, nas palavras dela, “as suas músicas de fazer faxina”. Eu nem sabia que tinha isso. Pior, que seria algo para lá de ultrapassado. Daí, quando contei no trabalho essa história, na busca de apoio, um colega [que também não é gente] virou e disse: – Sei, aquelas músicas de antes de eu nascer, né, miga? Entendi! Para tudo. Não atirei pedra na cruz, não. Devo ser a reencarnação do soldado que enfiou a lança. Só Jesus na causa! E bem distante da goiabeira.
Só sei que o feriado vem aí e o sonho de consumo é babar no travesseiro. Tirar um precioso dia inteirinho para fazer nada, nem coisa nenhuma. Seja sono de beleza ou de sanidade mental (dos outros), chamem do que quiserem, vou mesmo é me esbaldar. Depois, tempo vai ter de sobra para os estresses e loucuras do dia a dia, para as neuras de sempre, os desesperos, incêndios e atropelos da nossa “vidinha mais ou menos”. E quando estiver perto de revisitar o mesmo cansaço físico e mental de agora, que se abram as portas da esperança e passe por elas outra temporada de recesso. Assim, de preguiça em preguiça e de repouso em repouso, que a vida sempre aponte brechas e pausas para reanimar, sarar, fortalecer e seguir em frente. Pois que venha logo, seu feriado! Eu quero lhe usar.