por Miguel Sanches Neto
Tiro da estante a trilogia USA, de John dos Passos (1919, Paralelo 42 e Dinheiro Graúdo), publicada na década de 1940 pela editora curitibana Guaíra.
Estes livros foram um presente de meu querido amigo Tatinho.
Que, soube agora, morreu em sua chácara urbana.
Pretextato Pennafort Taborda Ribas Netto (eis o nome nobre de batismo) fazia parte de um núcleo gastronômico-literário que frequentei durante uns anos. A base desse grupo era: Wilson Martins, Tatinho, Norton Macedo, Eduardo Virmond e eu. Podia haver outros comensais, como Fábio Campana, Jamil Snege e Elói Zanetti. Sempre aos sábados, em um restaurante sem degraus na entrada, pela dificuldade de locomoção de Wilson Martins.
Foi Tatinho, Chefe da Casa Civil de Jaime Lerner, quem me levou pro governo como assessor e depois como Diretor da Imprensa Oficial. Era fissurado em política nacional e internacional. Tinha sacadas ótimas. Homem de grande correção ética, o que o destacou no judiciário, tendo chegado a Presidente do Tribunal Regional do Trabalho. Mas guardava uma juventude boêmia no Rio, ligada ao grupo do Nelson Motta.
Foram os almoços mais divertidos de minha vida. Wilson Martins definia o restaurante, eu o apanhava em casa e seguíamos para uma tertúlia com conversas em que não perdoávamos ninguém. Nem a nós mesmos.
Minha filha, Camila, então na faixa dos 8 anos, guarda ainda hoje a memória daqueles encontros.
Folheio agora a trilogia USA, do John dos Passos, com seu papel amarelado, como as fotos antigas daqueles que já se foram.