15:24A nova-velha política

De Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário

Jair Bolsonaro não quer fazer a “velha política”. Aquela do toma lá – dá cá, de entregar ministério de porteira fechada para partidos, de nomear afilhados de políticos para cargos nos estados e empresas do Estado, e a das emendas orçamentárias, que o presidente sanciona e depois libera em conta-gotas quando precisa do Congresso Nacional em votações. Bolsonaro não faz a velha política porque não sabe fazer política. Mas ele faz política no sentido aristotélico de que tudo é político, até o não fazer política.

A câmara dos deputados reagiu, até que de forma inteligente contra o presidente: aprovou a emenda constitucional do orçamento impositivo. Significa que tudo que está no orçamento tem que ser feito. Ou seja, a despesa terá que ser feita. Qual despesa? A que interessa aos políticos, aquela que reverte em gastos em suas áreas de atuação, normalmente por intermédio de empresas que irão contribuir com dinheiro para suas campanhas.

O orçamento impositivo servirá, se o Brasil continuar sendo o mesmo (e não há motivo para uma mudança radical, da água para o vinho), para molhar as sequiosas mãozinhas de suas excelências. Bolsonaro é como Deus, que escreve certo por linhas tortas: sua recusa à velha política começa a institucionalizar a … velha política. Com a emenda, os deputados fazem como o sujeito pródigo, que acha que o cartão de crédito e o talão de cheques representam dinheiro real.

O sistema de emendas liberáveis no interesse do Executivo é uma deformação dos costumes políticos. O represamento das emendas, objetivamente considerado, justifica-se na instabilidade e incerteza na percepção da receita, estimada e sujeita a fatores econômicos e conjunturais. Daí as situações do contingenciamento, determinadas exatamente por esses fatores. O orçamento impositivo resgata a ação do pródigo na política. Dificilmente pega.

Uma ideia sobre “A nova-velha política

  1. a verdade está lá fora

    As emendas impositivas são fantásticas, afinal o deputado ou senador irá pedir verbas para o estado ou município, depois vão cobrar para que o governador ou prefeito executem as obras, só assim o dinheiro chegará nos lugares certos. O político em Brasília vai voltar a olhar para que os elegeu.
    No primeiro governo do PT quebraram este processo, resolveram pagar diretamente para os deputados uma mesada, o famoso caso do Mensalão, que era para economizar a grana com emendas, desvinculando os deputados dos governadores e prefeitos. Vimos no que deu, os estados e municípios quebraram e os operadores do Mensalão estão presos, já os políticos……

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