De Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário
A atualidade exige que se fale dos assuntos atuais, com perdão pela redundância. E por atualidade entenda-se o capitão Bolsonaro e seus miquinhos amestrados – que, como os três mosqueteiros, têm mais um, Leonardo de Jesus, sobrinho do presidente e olheiro-informante-fofoqueiro do filho Carlos, instalado por este no quarto andar do Palácio do Planalto, sem cargo, sem salário, mas com o crachá de livre movimentação no gabinete do tio e adjacências.
O Capitão (a letra capital isolada tem sentido no Brasil de hoje) desafia os espectadores e analistas da atualidade. Bolsonaro é aquele tipo de pessoa que desacontece, como diz uma leitora do Insulto sobre sua digníssima progenitora: ela nega hoje o que disse e fez ontem. É o desacontecer, negar o que foi feito, atribuindo a autoria a outra pessoa, não raro àquela que lembra e cobra o acontecido. O Capitão quase chega ao requinte do desacontecer.
Assim, confiram o noticiário de hoje, ninguém se aventura além do condicional: Bolsonaro teria já assinado a demissão do ministro Gustavo Bebianno. Os bolsoviques, estalinistas de direita, têm explicação: estratégia do Capitão para confundir a imprensa; um “golaço”, como li na semana – Bolsonaro fez que ia demitir Bebianno, deixou os jornais, a Rede Globo principalmente, anunciarem e, fechadas as edições, avisou que iria demiti-lo. Quem sabe aconteça, ninguém garante.
Os bolsoviques não revelam qual a utilidade, o ganho, a vantagem da estratégia brilhante, o “golaço” de retardar o anúncio da demissão. Sem experiência, como os bolcheviques originais, não atinam para a explicação – na realidade, a desculpa – para um possível recuo do Capitão, induzido pelos generais que o cercam ou pelo risco à aprovação das reformas. Portanto, isto aqui é mera encheção de linguiça. Porque amanhã tudo pode mudar.