18:07Dono da Consilux é preso na Itália

Do site Metrópole

O empresário Aldo Vendramin, dono da Consilux Tecnologia, foi preso nessa quinta-feira (24/1) na Itália. O pedido de detenção, segundo informam advogados envolvidos no caso, teria partido do governo venezuelano, que incluiu o nome dele na lista de procurados da Interpol. Embora a empresa seja conhecida pela produção de equipamentos eletrônicos de controle de velocidade, os chamados pardais, Vendramin fechou contratos no país durante o governo de Hugo Chávez para a construção de casas populares.

Fontes da Polícia Federal consultadas pelo Metrópoles informaram que o nome do empresário já foi incluído no sistema da corporação como brasileiro preso no exterior. As razões da prisão, porém, ainda não foram discriminadas internamente.

O contato direto com o ex-presidente da Venezuela foi intermediado pelo ex-ministro dos governos petistas José Dirceu, conforme informou o empresário e criador de cavalos à Folha de S.Paulo, em reportagem publicada em março de 2015. “Dirceu me levou a Chávez e o dinheiro começou a sair”, disse na entrevista. Com isso, ele se viu envolvido nas investigações da Operação Lava Jato.

De acordo com o relato, Vendramin procurou Dirceu no segundo semestre de 2011 para garantir acesso privilegiado ao então presidente da Venezuela e, assim, evitar atrasos de pagamentos por serviços prestados. A curitibana Consilux fechara contratos e aditivos de US$ 416 milhões com o país para erguer casas populares, na versão venezuelana do programa Minha Casa, Minha Vida. Pela consultoria, também com base na entrevista do empresário, a Consilux pagou R$ 1,22 milhão a José Dirceu.

“O José Dirceu me levou três vezes para conversar com o Chávez pessoalmente e depois disso o dinheiro começou a sair mais rápido”, revelou Aldo Vendramin à publicação paulista. O pagamento ao ex-ministro se deu por meio da empresa de consultoria do petista, a JD Assessoria e Consultoria Ltda., investigada pela Operação Lava Jato como via de pagamento de propina de empreiteiras a Dirceu.

O ex-ministro foi condenado e preso tanto no âmbito do Mensalão quanto da Lava Jato. Vendramin, contudo, apenas prestou depoimento à força-tarefa na condição de testemunha de José Dirceu. No Brasil, o empresário não era investigado. Sua prisão foi considerada uma surpresa por interlocutores.

Até a publicação desta matéria, não havia detalhes da investigação venezuelana que determinou a prisão do empresário. Contudo, a ofensiva contra a corrupção brasileira tem trabalhado em colaboração com países de todo o mundo, sobretudo com os vizinhos latino-americanos.

Procurado pelo Metrópoles, o Itamaraty confirmou a prisão, mas se resguardou em não dar mais detalhes para preservar a privacidade de Vendramin.

Uma das conclusões dos investigadores venezuelanos é de que empreiteiras brasileiras irrigaram campanhas políticas tanto de Hugo Chávez quanto de seu sucessor, Nicolás Maduro, a quem a Assembleia Nacional do país declarou usurpador e cujo segundo mandato como presidente não é reconhecido pela comunidade internacional.

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