De Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário (http://www.oinsultodiario.com/ )
Os quartéis mandam recado a Jair Bolsonaro, portadores os militares que estão no governo: poupe o governo de contaminação no caso Flávio Bolsonaro/Fabrício Queiroz. A novidade veio mais cedo que se esperava: a tutela militar, ainda que branda ou atenuada. Mas presente e visível, ausente e impensável até os tempos de Lula e Dilma.
Uma tutela solicitada pelo tutelado, o presidente, para se garantir à oposição democrática, republicana. Autoritário e marcial de formação, ele a vê como inimiga. Sem conhecer nossa História, estaremos condenados a repeti-la, como advertia Edmund Burke. A tutela militar tanto pode afastar o presidente civil como o presidente militar.
Olhaí, é o meu guri
Jair Bolsonaro e seu chororô no caso do escândalo do filho Flávio: perseguem “o menino” para “me atingir”. Isso exige análise sintática, daquela primeira parte das gramática, a morfologia. Invoco a gramática não por pedantismo, mas para mostrar a fragilidade do léxico do poder.
O verbo ‘perseguir’ está errado; o que se faz é investigar – ainda que a palavra técnica no direito seja ‘persecução criminal’; como persecução é sinônimo erudito de perseguição, trata-se de perseguição no bom sentido, perseguição do bem, para preservar a lei.
O substantivo ‘menino’ é de carinho, tratamento de pais para filhos, que meninos até os 70 anos. Mas o filho Flávio não é ‘menino’. É homem feito, ex-deputado, atual senador, gestor de um gabinete legislativo que rendeu milhões e estendeu relações com a criminalidade da milícia carioca.
Quem é presidente da República só trata por menino o filho que fica em casa, longe do poder e suas tentações. Como Michel Temer e seu Michelzinho. Se não segue essa cautela, seja por ele próprio, seja pelo pai presidente da República, não é menino. É um marmanjo pilantra.
Não esqueçamos que o pai fez carreira e se fez presidente atacando os marmanjos pilantras – e também os meninos, como os de Lula. Aqui se vê mais uma entre inúmeras vezes em que Jair Bolsonaro não tem frieza nem objetividade quando se trata do poder.
Quanto ao outro verbo, ‘me atingir’, o presidente está rigorosamente certo. Ele merece, pregou conduta limpa para os políticos, atacou-os quando corruptos e traz para o governo o filho e seu entorno de malandros. Portanto, Jair Bolsonaro merece ser atingido.
Aliás, já foi. O que vem agora é apenas a dúvida se ele será igual aos outros políticos que denunciava, os que protegiam seus meninos – como Lula e os lulinhas – ou vai entregar seu menino aos rigores da lei. Um caso clássico de avaliação de danos. Aposto na primeira hipótese.
O silêncio do super-Moro é constrangedor. A moral do Moro pediu moratória ou desmoronou. Está demorando…