Por Ivan Schmidt
Escrevi nesse espaço, mais de uma vez e meus leitores são testemunhas, que o então governador Beto Richa (PSDB) seria o grande eleitor e o mais influente definidor do voto nesse ou naquele pré-candidato a governador do Estado em outubro vindouro.
Pois, nesse momento, vejo-me constrangido a pedir perdão aos leitores, pelo equivocado vaticínio feito há alguns meses, tendo em vista a súbita reviravolta no cenário político imediato no Paraná, quanto à sucessão.
Trocando em miúdos, muito embora tudo ainda possa mudar (como garante a Bandnews), nenhum dos três pré-candidatos com a maior probabilidade de chegar ou permanecer no Palácio Iguaçu (Ratinho, Osmar Dias e Cida Borghetti), e a manifestação nesse sentido já é pública, deseja o apoio de Beto, que de um momento para o outro chegou a aventar uma candidatura “avulsa” para o Senado da República.
Ou seja, desvinculada de qualquer das chapas inscritas para disputar o governo no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Assim, o grande eleitor passa a ser o grande azarão, embora divida com o ex-governador e atual senador Roberto Requião, a preferência popular na disputa por uma das duas vagas abertas na chamada Câmara Alta.
Mas, como o barco do filho de José acaba de entrar numa curva do rio agitada por intensas corredeiras, ameaçado por uma série de denúncias que chegaram ao arriscadíssimo sorvedouro da Lava Jato – malfeitos em obras na área da educação e da infraestrutura – para dizer o mínimo, o ex-governador certamente será convocado a dar explicações sobre esse lado obscuro e lamentável de sua gestão.
E, mesmo por ilação, pode-se alimentar a suposição de que venha a ser impedido de registrar a candidatura em função do desabonador interdito da ficha-suja. Lembremos, porém, do rotundo equívoco de apostar em Beto como o grande eleitor de outubro, para evitar que esse mero juízo de valor não se transforme em mais uma tentativa frustrada de prescrever o futuro.
O cenário traçado por nove entre dez analistas políticos dava como certo o apoio de Beto à candidatura da vice-governadora Cida Borghetti, que o sucedeu na chefia do Executivo.
Essa era a conclusão lógica, até mesmo pela contingência natural do companheirismo demonstrado no dia a dia da gestão, embora o raciocínio seja também válido para o caso do deputado Ratinho Jr (PSC), que por três anos ocupou a estratégica Secretaria do Desenvolvimento Urbano (SEDU), uma espécie de canal aberto entre o governo e as prefeituras municipais, cargo que Ratinho exerceu sem o menor pudor de revelar a intenção de disputar o governo.
O estremecimento das relações entre o governador e o secretário tornou-se palpável antes mesmo da renúncia de Beto, aliás, antecedida pela decisão do próprio Ratinho em antecipar o retorno à Assembleia Legislativa, a fim de comandar a bancada majoritária de 17 integrantes, e botar na rua a pré-campanha ao governo. A última e agressiva manifestação política de Ratinho foi garantir que sua intenção é quebrar a hegemonia familiar na chefia do governo paranaense. Qualquer semelhança com os atuais candidatos é mera coincidência.
Roteiro igual, ou pelo menos parecido, foi observado entre Beto e Cida Borghetti desde as primeiras semanas da posse da nova governadora, até ganhar o contorno da atual perspectiva de rompimento definitivo.
Daí o anúncio relutante de Beto, mas perfeitamente factível quanto à tentativa avulsa de concorrer ao Senado, isto é, sem subir aos palanques dos candidatos ao governo – Cida e Ratinho – já que no palanque de Osmar a possibilidade estaria inteiramente descartada, tendo em vista a conjuntura interna do PDT, que tem candidato à presidência da República, Ciro Gomes, e já esboçou preferência por Roberto Requião para o Senado.
O velho e sábio Tancredo Neves dizia que a política é semelhante à nuvem que muda de aparência cada vez que você olha. Recomenda-se ao ex-governador que não tire os olhos do céu…
dep Ratinho foi secretário da SEDU no governo Beto Richa desde que foi derrotado na campanha de prefeito em 2013….então são mais de SEIS ANOS ABRAÇADO COM RICHA.,….