de Ticiana Vasconcelos Silva
Chorei hoje como se a manhã tivesse partido em meus olhos e o sol, tendo se escondido, deixasse azuis escorrendo de minhas pálpebras até meus lábios como chuva no sertão.
O silêncio veio como vento na relva molhada, soprando em meus cabelos encharcados os caminhos e atalhos que percorri quando tinha medo da escuridão.
Ouvi a voz dos séculos passados, dos antepassados, dos índios assassinados e da guerra atroz. Minhas lágrimas irromperam menos pelo medo, mas mais pela dor que me comove, me move e me demove de querer o que não foi.
E o que foi sumiu em um vazio cintilante como neve em diamante, como um repente que se faz em versos vazados e preenchidos pela luz do suor.
E meu choro um dia contido me derramou sobre o copo transparente que se quebrou por eu não ser mais o amor, nem a alma – apenas o vapor quente destas águas lacrimais que te diziam: eu sou o seu nunca.