Da entrevista de Juca Kfouri ao jornal Folha de Londrina
… Em 2009, a Justiça do Trabalho destituiu o então presidente do Londrina, Peter Silva, no mesmo ano em que o clube havia sido rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Paranaense, não sei se você acompanhou isso.
– Eu soube.
No ano seguinte, a Justiça intermediou uma parceria do clube por 10 anos com o empresário Sérgio Malucelli, que foi sócio do Juan Figger, parceiro do Vanderlei Luxemburgo… E o clube mudou de patamar. Como você vê o fortalecimento dos clubes do interior nessas condições?
– Veja, quem substituiu o Peter Silva é melhor do que ele? Ou apenas tem mais dinheiro do que ele? O que eu digo a você é o seguinte: Londrina, Maringá, Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos, São José do Rio Preto, Uberlândia, Uberaba, são cidades suficientemente ricas para de uma maneira correta, ética, terem bons times de futebol e que não sejam barrigas de aluguel pra ninguém. Mas não é isso que a gente vê e a gente não vê essa tendência ainda no futebol brasileiro, infelizmente.
Kfouri confessa: ‘perdi o Brasil’
Jornalista fala à FOLHA sobre o novo livro, o escândalo da compra da Olimpíada no Rio e a descrença na mudança na estrutura do futebol brasileiro.
Novo livro de Juca Kfouri são memórias de quase 50 anos de profissão: “Nessa minha trajetória longa já, acho que tive mais decepções do que alegrias”
Não apenas a escolha do Rio como sede da Olimpíada do ano passado foi comprada (como aliás a Justiça está tratando de provar), como a vinda da Copa para o Brasil em 2014 também ocorreu a custas de muita corrupção. O futebol da seleção brasileira não espelha o futebol que se joga atualmente no País. O Brasil regrediu como nação. A mídia brasileira de forma geral trata a cobertura esportiva como entretenimento e não jornalismo, daí escândalos como esse da Olimpíada no Rio que resultou na prisão do ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, não estar sendo noticiados com a profundidade que merecem.
As convicções são do jornalista Juca Kfouri, expressas em menos de 15 minutos de conversa. Aos 67 anos, ele acaba de lançar seu mais recente livro, o sexto, com o sugestivo nome “Confesso que perdi” (Companhia das Letras). Segundo o próprio, uma irônica inspiração na obra autobiográfica do escritor chileno Pablo Neruda, “Confesso que vivi”.
E as decepções? Você conta a relação com Pelé…
Teve uma moça, acho que do portal da revista Imprensa, que disse que achava que o livro tinha um tom melancólico. E eu confesso a você que não acho que tenha, mas gostei da observação dela porque fica a leitura que ela fez – e quando você faz um livro o livro deixa de te pertencer. Ela deu essa interpretação. E o que eu imagino que possa justificar essa visão dela é exatamente o fato de que se eu fizer um balanço acho que tenho muito mais decepções com pessoas do que confirmações e alegrias com pessoas. Nessa minha trajetória longa já no ofício, acho que tive mais decepções do que alegrias, daí o título do livro.
Em 2009, a Justiça do Trabalho destituiu o então presidente do Londrina, Peter Silva, no mesmo ano em que o clube havia sido rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Paranaense, não sei se você acompanhou isso.
Eu soube.
No ano seguinte, a Justiça intermediou uma parceria do clube por 10 anos com o empresário Sérgio Malucelli, que foi sócio do Juan Figger, parceiro do Vanderlei Luxemburgo… E o clube mudou de patamar. Como você vê o fortalecimento dos clubes do interior nessas condições?
Veja, quem substituiu o Peter Silva é melhor do que ele? Ou apenas tem mais dinheiro do que ele? O que eu digo a você é o seguinte: Londrina, Maringá, Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos, São José do Rio Preto, Uberlândia, Uberaba, são cidades suficientemente ricas para de uma maneira correta, ética, terem bons times de futebol e que não sejam barrigas de aluguel pra ninguém. Mas não é isso que a gente vê e a gente não vê essa tendência ainda no futebol brasileiro, infelizmente.
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