Foi com um taco de bilhar. Um vizinho que morava no barraco apareceu e disse que tinha matado alguém no boteco. A pancada de lá acertou a nuca. Para as crianças que ouviram isso, entrou na mente. Jamais esqueceriam. Ele, principalmente, o menino sem pai nem mãe, criado por uma tia, que já tinha ouvido a história do Zecão, no mesmo bairro, aquele que matou o pai com um caibro. Ficou imaginando o que pensariam os assassinos. Gostava da expressão ceifar a vida do outro – e a dúvida o corroía feito peste interna. Cresceu assim. Nunca matou ou sequer triscou em alguém com ato de violência. Até o dia em que foi ver o filme Lawrence da Arábia e leu nos letreiros a fala de Peter O’toole, incrédulo com ele mesmo depois de furar à bala alguns inimigos: “Eu senti prazer em matar”.