Rogério Distéfano
O DOCE VENENO DO ESCORPIÃO
“Traí todos os meus ex-namorados”, a confissão pungente de Deborah Secco, atriz da Globo. Nossa amada Bruna Surfistinha ressalva: “menos meu marido”. Se dissesse “meu futuro ex-marido” talvez chegasse à precisão. Não que esteja a trair a priori o futuro ex, ou que venha a trair o atual a posteriori. A tanto nos leva o pensamento vivo da musa. Seja-me dado recomendar ao marido que tome tento e envergue cornozeleira eletrônica. O senhor Secco não perde por esperar a futura entrevista na voz rouca e voluptuosa do doce veneno do escorpião.
Neste espaço espanco os atores que falam sem pensar e desventram suas intimidades, cada vez mais escabrosas. Nem todos, só os normais, que os excepcionais viram roteiristas, diretores, escritores; por estes, lembro Fernanda Torres. John Ford, cineasta do faroeste, comparava atores a animais. É algo paradoxal isso de atores, que conseguem transpor sensíveis e precisos traços no retratar os personagens, quando voltam ao natural lhes falta a fala inteligente do roteiro. É quando pensam, a realidade da tolice.
Culpa de quem? De nós, que alimentamos os tablóides que chafurdam nos lençóis das celebridades, que sustentamos os filmes que gastam vinte minutos na cena de sexo, outros dez na escatologia do banheiro sem que isso tenha a menor relevância no enredo, como se a vida real se desenrolasse na cama e na privada. Houve tempo em que o cinema – direcionado por Hollywood – seguia o Código Hayes, que só admitia a sugestão de cenas pesadas, sem perda de intensidade dramática. Na vida, os atores que fizessem o que bem entendessem, como faziam.
Deborah não será a derradeira celebridade a expor intimidades. Ainda ontem a cantora Ivete Sangalo contou que, na busca de mais um filho ‘furunfa’ todos os dias, informação que só vale pelo resgate do verbo. Juliana Paes, a morena global, aproveitou a semana para nos revelar que no sexo “só pega no tranco” – criando-nos o problema de imaginar o marido empurrando-a ladeira abaixo para soltar a embreagem e engrenar a marcha. Melhor seria se Ju nos informasse que veio de fábrica com injeção eletrônica, sensor de estacionamento e overdrive.