Do jornal O Estado de São Paulo
O juiz federal Sergio Moro aceitou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do sítio em Atibaia (SP). Esta é a terceira denúncia contra Lula aceita pela Justiça Federal do Paraná – ele foi já sentenciado culpado no caso do tríplex do Guarujá (SP) e responde a processo no caso da compra de um terreno para o Instituto Lula. Ao todo, na Lava Jato e também nas Operações Zelotes e Janus, o ex-presidente é réu em seis ações penais.
Segundo a nova acusação contra Lula, as empreiteiras Odebrecht, OAS e Schahin gastaram R$ 1,02 milhão em obras de melhorias no sítio em troca de contratos com a Petrobras. A denúncia aceita nesta terça-feira (1) inclui ao todo 13 acusados, entre eles executivos da empreiteira e aliados do ex-presidente, até seu compadre, o advogado Roberto Teixeira.
“Luiz Inácio Lula da Silva, de modo consciente e voluntário, no contexto das atividades de organização criminosa, em concurso e unidade de desígnios com Emílio Odebrecht, Alexandrino Alencar, Carlos Armando Paschoal, Emyr Diniz Costa Júnior, Rogério Aurélio Pimentel, Roberto Teixeira e Fernando Bittar, no período compreendido entre 27 de outubro de 2010 e junho de 2011, dissimularam e ocultaram a origem, a movimentação, a disposição e a propriedade de aproximadamente R$ 700 mil provenientes dos crimes de cartel, fraude a licitação e corrupção praticados pela Odebrecht em detrimento da Petrobrás, por meio da realização de reformas estruturais e de acabamento no sítio de Atibaia”, assinala a denúncia do MPF.
A Procuradoria da República, no Paraná, anexou 415 documentos à nova denúncia. Segundo a Procuradoria, a denúncia foi elaborada com base em depoimentos, documentos apreendidos, dados bancários e fiscais bem como outras informações colhidas ao longo da investigação. No material anexado pelo Ministério Público Federal estão fotos de objetos e fotografias da família no sítio, escritura e registro do imóvel, notas fiscais e relatórios da Polícia Federal.
Outro lado
O ex-presidente sempre negou ser o proprietário do sítio de Atibaia e refuta todas as acusações do Ministério Público. Na época da denúncia, a defesa de Lula afirmou que a acusação era “frívola” e uma “tentativa desesperada de justificar à sociedade a perseguição contra o ex-presidente”.
Para o advogado Cristiano Zanin Martins, a peça “recorre a pedalinhos e outros absurdos” para sustentar a tese de que Lula seria o verdadeiro proprietário do sítio -o que o petista nega.
“A Lava Jato age de forma desleal em relação a Lula, com acusações manifestamente improcedentes”, declarou Martins, para quem a Procuradoria “tenta dar vida à tese política do PowerPoint de Deltan Dallagnol [procurador da Lava Jato]”.