7:29PENSANDO BEM…

Rogério Distéfano

Só há uma verdade absoluta: todo racista é um filho da puta”. A frase de Campos de Carvalho (1916/1998) lamento informar que a última vez que a li foi num tuíte de Roberto Requião, idos de 2015. Para não perder a má-vontade, quero crer que o centauro do Champagnat impressionou-se mais com o expletivo que com o afirmativo. Valeu, ele resgatou o injustamente esquecido Campos de Carvalho.

O expletivo vai para quem expulsou Juliano Trevisan do James Bar. Lance racista: Juliano é negro, barbudo e usa cabelo rastafari. Nada bastasse, Juliano envergava terno, camisa e gravata pretas. “Parecia um segurança”, está na fundamentação do veto. Há aí um traço etnográfico, pois grande número seguranças são recrutados entre negros. Nos EUA também é assim, algo como um quilombo de seguranças.

O noticiário informa que Juliano é advogado. Jornalista pensa diferente e aqui o jornalista é traído pelo hábito de pensar errado – como quando escreve que alguém matou “própria mãe”. A contrário senso, como dizem os advogados ao argumentar, se Juliano não fosse advogado ele podia ser barrado? Aí, não violão. Fosse eu dono de bar, advogado é que não passava da porta, de terno, gravata ou diploma no peito.

Juliano tem culpa no incidente. Pequena; não atenua o gesto do dono do bar. É que ele fez como a garota que chama o assédio porque anda rebolando, de minissaia e bustiê apertadinho. A cor da pele de Juliano não foi o problema, quero crer. Quem não gosta de preto é ruim da cabeça e doente do pé. O cabelo rasta evoca Bob Marley, relaxantes charolas e Isabeli Fontana, sua ex-nora póstuma.

Nosso Juliano, advogado que é, traz no subconsciente a imagem icônica do juiz Sérgio Moro: terno marrom, camisa marrom, gravata marrom. Moro reabilitou o figurino monocromático, sucesso entre tiras, bicheiros e advogados criminalistas (quem copiou quem, não sei). Preconceito não merece perdão, o cara do James Bar pisou na bola. Mas Juliano, tenha dó, fique esperto e varie o composê.

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