Rogério Distéfano
Nas contas dele a filha casou quatro vezes. A mulher discorda, “duas só”. Simples semântica: duas de papel passado, duas de juntar os trapos. Amigação e casamento dá no mesmo. Dormiu e acordou junto, juntou as escovas na pia, brigou sobre a tampa da privada, casado está. Casamento civil, militar e eclesiástico nunca sai do imaginário das mulheres – e dos homens femininos. Rezadeira, atéia, petista do grelo duro ou barraqueira pula-cerca, mulher quer casar. Ainda que seja com outra mulher.
Deu força nos casamentos e nas separações, Santo Agostinho ao avesso: ‘melhor descasar que se matar’. A filha melhora a cada separação. Que nem Paolla Oliveira, mais bonita quanto troca de marido. Chega a lucrar com os casamentos da filha, quando herda as camisas que os genros descartam. Nunca se coçou para dar festa de bodas – ‘dinheiro a fundo perdido’.
No primeiro casamento de papel passado a mulher queria festa, “coisa pequena, para os mais chegados”. A filha cortou, “não vou encher o bandulho de gente ingrata”. ‘Puxou ao pai’, ele traz a sardinha para a brasa da filha. “Me deem a grana que vou conhecer os Lençóis Maranhenses”. Até pra fazer turismo a menina precisa de lençol.