Que graça tem essa lua cheia e o sol que a substitui banhando de ouro tudo o que pode nas primeiras horas da manhã? Nada. A araucária para quem eu orava todo dia, agora parece o espectro de um monstro querendo me esmagar com seus longos braços. Não tomei o remédio de pique – para ver como ficava. Deu nisso, um ser se arrastando sem formas e pensamento definidos. No espelho, pelos saindo do nariz como se houvessem bichos nos dois buracos. Nas unhas, sem cortar há muito tempo, a sujeira entranhada – e uma coceira no peito faz brotar sangue nas pontas dos dedos. Lembrei do menino que disse uma vez ser os comprimidos receitados pelo psiquiatra a razão dele ter melhorado. Mas… ele… Não, não era ele, por isso voltou a beber e, num delírio demoníaco, incendiou a casa com os pais dentro. Meu corpo dói. A alma? Perdi faz tempo. Preciso de um banho quente. A lua apareceu de novo. Que filme é esse? Que filme é esse?