ROGÉRIO DISTÉFANO
Uma o quê?
Foto no Face de Gracyanne Barbosa no colo do marido, o cantor Belo. Ela mão no violão, ele no tamborim, a moça anuncia que vai “tocar uma pro meu tudão”.
Menos
Há um limite para as teorias conspiratórias. Chama-se bom senso. Como a última, de que o governo Temer deixou a PF sem dinheiro para a impressão de passaportes.
Está certo que o ministério Temer gosta de atirar no pé, mas isso de dar prejuízo para a classe média e impedi-la de viajar à Flórida para Disney e compras não faz sentido.
Até porque – na locução consagrada pela petoministra Ideli Salvatti – o passaporte sai a preço de custo para o titular. Temer está mal com a classe média de Miami, mas não a vai atirar nela.
Sério?
“Mandato parlamentar é coisa séria e não se mexe” – o fundamento de aguda juridicidade do ministro Marco Aurélio para liberar o senador Aécio Neves para retomar o exercício do mandato. Se o mandato fosse coisa séria o senador não pediria dinheiro para Joesley Batista.
Alguns ministros do STF brincam com nossa tolerância. E depois a presidente Carmén Lúcia vem dizer que o tribunal será sensível à voz das ruas. Ela deve ser o único ministro por lá que passaria em teste de audiometria.
Livre pensar é só pensar
“Morre, mas não delata”, diz o suso mencionado advogado sobre o cliente Rodrigo Rocha Loures. O doutor podia refletir: morre, mas não delata, significa (1) admissão tácita do crime e (2) duvidosa honra na lealdade entre delinquentes.
Atenção: não chamo ninguém de delinquente; apenas faço a ontologização da frase, que expressa um pensamento. O PB… está mais para Hegel que para Gilmar Mendes.
Lá endemia, aqui pandemia
“Ele não é o sintoma, ele é a doença” – o apresentador Stephen Colbert, da televisão dos EUA, sobre o presidente Donald Trump. Tomara que não patenteie a frase, caso contrário os brasileiros pagarão uma fortuna em roialtis porque vivem uma pandemia dessas.
Corrupto tem que ser forte
TADINHO do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, que passa mal como detido na PF pela Operação Friboi. Falta sol, falta tevê, faltam livros, o quarto é pequeno e o banheiro, no corredor – deve ter bidê, pois caso contrário o advogado botaria a boca no mundo. Situação diferente da dos presos da Papuda, onde o deputado esteve até há pouco. Logo, precisa ser atendido, principalmente nessa questão dos livros.
O MINISTRO Fachin podia liberar pelo menos um livro para o rapaz. Não a Bíblia, muito extensa, nem o código penal, muito Moro. Pode ser o livro caixa. O um, porque o dois está emprestado ao padrinho, que não devolve. Mas tudo isso ficou para trás no final da tarde da sexta-feira, quando o ministro Fachin mandou libertar o ex-deputado, sob as restrições costumeiras aos bem-nascidos e conectados.
O EX-DEPUTADO sai, para alívio e refresco de Michel Temer, com
tornozeleira, recolhimento do passaporte, limitação de contatos. Brincadeira, o acinte ao cidadão passa a crescer, em algo que inevitavelmente gera a suspeição do acordo dentro da classe dominante. A decisão do ministro serve de impediente, evita risco à instrução criminal? É o ersatz de segurança da prisão preventiva?
FUNCIONA TÃO BEM que Sérgio Cabral preso e a mulher, Adriana Ancelmo, vigiada em casa, despacharam a empregada para vender joias de origem suspeita a joalheria do Rio. Ou seja, a pizza foi ao forno assim que a família e o advogado de Rocha Loures iniciaram o ensaio de terror sobre seu estado de saúde. Isso impressiona os homens de Brasília, todos muito próximos, social e institucionalmente.
DESSA CIRCUNSTÂNCIA sobra-nos ensinamento – de resto antigo, pois advindo de outros presos de alto coturno, com a mesma suspeição de Rocha Loures, mas dotados de couraça rija, resistente. Falo de Eduardo Cunha e antes dele, de Paulo Maluf. Há outros, muitos outros, inclusive presos nas mesmas circunstâncias – aliás com menos evidências e flagrantes que Rocha Loures e agora otimistas com o movimento de reversão da Lava Jato.
ESTES ENFRENTARAM e enfrentam a prisão sem se abater, diria até que com bravura. Porque o corrupto deve ter nervos de aço, propina, achaque e negociata não é assunto para amadores, aquilo de que não se manda criança fazer serviço de adulto. Cabe aqui paráfrase a Euclides da Cunha, n’Os Sertões, sobre o sertanejo: “O corrupto é antes de tudo um forte”. Corrupto fraco pede colinho pro papai, pra mamãe, pro ministro Fachin.
Puxa vida,esse Belo tem mulher pra ele e mais uns trinta.