Da cobertura naquela esquina ele viu todo o reino do vampiro. Estava certo ao pensar, anos antes, que dali daria para vigiá-lo e captura-lo em imagens, principalmente quando saía da casa principal para uma edícula, onde produz suas linhas hipnotizantes. Teve o estalo porque viajava em outros mundos, procurando um caminho, mas se direcionando para o desconhecido outro lado do espelho. Ligou para um amigo, chefe na tv, contou entusiasmado a ideia, aprovada na hora. O amigo também trafegava na mesma estrada, a que a levaria à morte um tempo depois num bar da Boca do Lixo em São Paulo. Não aconteceu nada. O vampiro sobreviveu. O que teve a ideia também. A dona do apartamento também se foi antes do tempo, de bobeira, por causa dos remédios para perder o peso que não tinha em excesso. Há silêncio no reino e no grande espaço no topo do prédio. Assim é.
Queria dizer alguma coisa
Mas, ao não encontrar palavras,
Veio-me a ideia apenas de olha-lo
Sem julgar e sem cobrar nada do que há por vir
Porvir é estranho, pois a gente faz mesmo é no dia, na hora
E seja o que Deus quiser, pois os anjos voam alto no céu