por Carlos Heitor Cony
Ainda bem que não conheço nada, sobretudo de política, economia e tecnologia. Para mim, 2 + 2 podem ser cinco ou três. Não estou nem aí. Houve tempo em que tentei entender filosofia e teologia, estudava num seminário que também não entendia.
Minha ignorância chegou ao nível máximo num carnaval distante, tinha nove ou dez anos, e até hoje não entendi por que me colocaram uma fantasia de chinês com direito a uma sombrinha e um bigode de rolha queimada. Vinguei-me colocando no peito o slogan que me acompanha até hoje: “Eu Sozinho”.
Embora não estivesse sozinho, mas cercado de palhaços, centuriões romanos, morcegos, mocinhos de cinema e marinheiros do “Couraçado Minas Gerais”, desfilei num bloco que se chamava “Faz Vergonha”. Fiz.
E até hoje continuo fazendo, sobretudo quando leio ou vejo pela TV o divertido bloco de deputados, senadores, ministros, colunistas e até um presidente da República.
Mesmo sem ser carnaval, ou carnaval de mais, continuo sozinho, sem nada entender. Sei que estão tentando expulsar o presidente da República -já existem vários candidatos para ocupar o seu posto.
A Constituição que nos rege e guia e estabelece uma linha sucessória que coloca o presidente da Câmara Federal como a terceira via legal para substituir um presidente afastado e um vice-presidente ameaçado de ser também afastado. Sei também que o STF sempre foi o guardião da Constituição, seja ela qual for. Tivemos até mesmo uma Constituição que passou à história como “polaca”.
Embora sem fantasia de chinês, sem sombrinha nem bigode de rolha queimada, faço parte do “Eu Sozinho” e, obedecendo ao nome do meu bloco “Faz Vergonha”, continuo fazendo.
A mídia também integra o divertido bloco do “Faz Vergonha”. E, como sempre, o “Faz Vergonha” está fazendo.
*Publicado na Folha de S.Paulo
Sincera sua ignorância sobre o Brasil em que falhou em fazer dessa nação digna do seu povo,mas não se preocupe,falhou com mais 200 milhões de imbecis que continuam apostando nessa pseuda democracia qua qua