ROGÉRIO DISTÉFANO
TEM QUE TER mais coisa, algo nas dobras do grampo que Joesley Batista, da Friboi, fez com o presidente Michel Temer na calada da noite, no Jaburu, semana passada. Dali não dá para extrair que Temer tenha tramado safadeza com Joesley. O que parece é que Joesley estava tão nervoso para pegar Temer de calças curtas que se perdeu a gaguejar e falar sem concluir frases.
Nesse sentido, de não terminar uma frase, sem uma sequer afirmação conclusiva, não se vê para o que serviu a reunião dos dois. Com o respeito devido ao presidente, os dois pareciam chapados, três charolas cada um. De Temer entende-se a conversa de frases curtas, até monossilábicas: é a arte dele, como animal, falante e político.
Quanto a Joesley, fica a pergunta: como ganhou tanto dinheiro, como casou com a bonitona da televisão? Não conclui raciocínios; nem comerciante de boi no pasto fala como ele. Claro que sabemos: se dinheiro atrai dinheiro, propina atrai mais dinheiro. A Friboi pegava dinheiro do governo, guardava a maior parte e repassava um naco para os políticos.
A propina era entrega sem o charme da compra de um Sérgio Cabral: viagens caras, joias raras, jantares em Paris, guardanapos na cabeça. Vinha em espécie, fresquinha, com brinde, produto da casa. Ricardo Saud, diretor, pagador e delator da Friboi, entregava o dinheiro em caixas de isopor, a propina escondida sob peça de picanha.
Saud sugeriu o método nos R$ 500 mil para o deputado Rodrigo Rocha Loures, que largou a picanha e levou a grana. Entende-se, Rocha Loures é grande acionista da Nutrimental, indústria de alimentos à base de cereais. Na reportagem da Folha de ontem soubemos que a Caixa Econômica financiou 100% da compra da Alpargatas pelo grupo dos irmãos Batista.
Desse empréstimo saíram R$ 800 milhões para os 1.820 políticos que mamavam nas tetas da Friboi. Então não é pela conversa de Joesley com Temer que se justifica o inquérito contra o presidente, menos ainda a imunidade processual concedida aos irmãos, um deles já nos EUA, onde, se calhar, já adquiriu cidadania.
Escrevi ontem que o deputado Rodrigo Rocha Loures devolveu o dinheiro recebido de Joesley Batista, da Friboi, com destinatário supostamente desconhecido. Hoje já sabemos que ele devolveu R$ 465 mil, não os R$ 500 mil originários.
Onde estão os R$ 35 mil a menos? Como sigo a linha de Michel Temer, de que o deputado “é de boa índole, de muito boa índole”, este nunca pegaria uma lasca do boró para si, assim tipo comissão sobre a propina.
A explicação é outra, também dada pelo presidente Michel Temer: Rodrigo é um “coitado”, nas palavras do chefe. Deve estar caindo pelas tabelas, sem ter onde cair morto. Então fica assim: Rodrigo devolveu R$ 465 mil e o isopor da Friboi.
HOJE CORREU na rede que Michel Temer já acertou a renúncia. Só falta definir a hora, que virá após alinhavado o acordo para não ser processado. O acordo estaria sendo urdido por FHC, José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá.
Difícil acreditar que os dois dinossauros e os outros dois macacos velhos metam as patas na cumbuca de Michel Temer. Isso seria, além de conspiração, legislar em causa própria, pois o pau que bate em Temer bate nos outros quatro.
Mas estamos no Brasil, e aqui boi voa, como registraram os holandeses quando andaram por Pernambuco.
O JUIZ SÉRGIO MORO chegou lá. Nosso guri deu entrevista a Anderson Cooper, celebridade do programa 60 Minutes, da CBS, rede dos EUA. Entre comparar-se a Giovanni Falcone, juiz da Operação Mani Pulite, morto pela máfia que investigava, Moro comparou-se a Elliot Ness, o agente do FBI que conseguiu prender Al Capone, mafioso dono de Chicago no período da Lei Seca.
Sei não, desconfio que Moro, picado por aquela mosca cor de anil, não pensou no agente do FBI, mas no ator que o encarnou no cinema, Kevin Costner, que ganhou o Oscar com A Dança com Lobos. Isso aí, Moro está mais para Costner na Dança com Lobos que para Costner em Os Intocáveis.
Primeiro, porque Moro/Costner vem dançando com lobos há tempo. Vide os risinhos, cochichos e chamego com Aécio Neves e o olhar embevecido para Michel Temer ao ser condecorado pelos milicos. Segundo, Moro não é tira nem juiz de instrução como Falcone, o que na Itália exerce parte das atribuições de nossos promotores de justiça e procuradores da Lava Jato.
A vaidade prega essas peças. A menos que Moro se compare a Elliot Ness para comparar Lula com Al Capone. Se for assim, esqueçam tudo que escrevi acima. Mas que Moro devia recolher a violinha no saco, lá isso devia.
o juiz Moro deveria ler um pouco mais antes de se auto-elogiar. Elliot Ness , após prender Capone, virou uma espécie de super xerife de Cleveland. Mas foi afastado por ser autoritário demais. Foi acusado de mandar incendiar uns cortiços para desalojar miseráveis. Candidatou-se a prefeito e teve uma votação ridícula. Foi preso por dirigir embriagado e se envolver num grave acidente (bancou o Carli Filho). Mais tarde foi contratado como diretor de segurança de uma empresa eletrônica, mas ficou pouco tempo no cargo. Morreu pobre e esquecido. O Elliot Ness da história não é o Kevin Costner do cinema…
Sergio Moro esqueceu que o personagem que ele escolheu tinha só um lado e morreu no ostracismo e na miséria
Ok, mas se o tal Moro não tivesse aparecido, que político influente estaria hoje sendo escrachado em rede publica nacional e internacional pela roubalheira que cometeu e ainda comete? Qual ex presidente estaria tendo que viajar até uma republiqueta no Paraná para postar depoimento? Me desculpem os mortadelas de plantão, mas o cara tem culhão sim, e deve ser reconhecido por isso.
FT: culhão é uma coisa. Ego inflado é outra. Só isso.
Outra coisa: durante um depoimento de um dos executivos da Odebrecht, o nome do sr. Aécio foi citado como beneficiário das propinas e, naquela ocasião o Elliot Ness paranaense disse que” não vinha ao caso”. Seria esse o politico influente e que você se
Se refere e que agora é escrachado em rede Naciona
Silvestre, é difícil aturar os curitibocas. O Fausto é cheira pum do Moro. Aqui tem muitos .
O Elliot Ness paranaense a gora tem culpa de não ter dado importância quando o delator da Odebrecht citou o playboy mineiro? E privilégio tal d maldito “foro privilegiado” fica aonde? Ou seja, o playboy mineiro, a Barbie paraguaia ou nariz de porquinho para alguns não podem ser julgados pelo juiz, só por Suas Sacrossantas Excelências da Suprema Corte. Mas espero que os agentes do nosso Eliiot Ness façam bom uso das suas ” Tommyguns”, porquê tem ainda muito vagabundo fora da cadeia