12:43PENSANDO BEM…

pernas

 

ROGÉRIO DISTÉFANO

Ela nunca ouviu falar no Manolo Blahnik.” Não pude evitar o eavesdropping, o ouvir escondido conversa alheia. Daí o uso da palavra inglesa, que registra duas traduções na internet: uma, a ouvir escondido conversa alheia, outra, Deus meu, é ‘moscar’. Então, para facilitar, eavesdropei. Quando, onde, quem, manda a redação ginasial: dia desses, o café da galeria Itália, as duas amigas sobre uma terceira. Aas cruzadas da Folha estavam difíceis, o lacrima delicioso, e, afinal, não é isso que fez a glória de Dalton Trevisan? Então relaxei e ouvi.

O xis estava naquele Manolo, de quem nunca ouvira falar em prosa escrita, falada ou cochichada. Dei um gugle rápido: desainer de sapatos, tão caros que nem Adriana Ancelmo ousou compra-los, mesmo com dinheiro da propina jorrando, lavada a seco ou ensopada no governo do marido Sérgio Cabral. Chegam a R$ 7 mil, também pelo gugle. Eis que surge – Vinícius ensina que a mulher bela surge, não chega, parte, não vai – a dona da ignorância, que jamais calçara um Manolo Blahnik.

Ah, “a maldade da mulher, uma consumada malícia”, ensina o Eclesiastes. Um armário de Manolos não melhorava as faladeiras. A ignorante de Manolo surgia deslumbrante na simplicidade do jeans esgarçado, da camiseta branca e das sandálias havaianas, pés que inspirariam uma inteira coleção de Blahniks. A moça que chegava tinha tudo, tanto tinha, que chegasse calçada de Manolo, a primeira coisa que um homem honesto faria seria pedir-lhe para tirar os sapatos.

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