9:33PENSANDO BEM…

MASCARACAI

ROGÉRIO DISTÉFANO

Michel Temer diz em vídeo que encontrou com Marcelo Odebrecht, mas não tratou de repasses de dinheiro para caixa dois de campanha, como o empresário declarou, também em vídeo, em depoimento ao STF.

No período em que a Odebrecht distribuía dinheiro para partidos e políticos, o encontro de Temer com Marcelo devia ser para saber qual o melhor azulejo para instalar no banheiro. Afinal, a empresa também trabalhava com tríplex e sítio…

A máscara cai”, diz Lula sobre a revelação da grana de corrupção arrecadada pelos partidos políticos, PT, base aliada e a dita oposição. Certíssimo. Mas quem permitiu que a máscara fosse vestida pelos partidos – e pelo seu próprio PT?

Essa pergunta ninguém faz a ele. Nem adversários nem aliados, porque não convém; muito menos os petistas, que confundem Lula com a nação, que nele nada temem, pois o adoram à própria morte.

Michel Temer abriu em 100% a participação de empresas estrangeiras no transporte aéreo brasileiro. Ainda vivemos a mistura entre a mística nacionalista das aéreas nacionais, vistas como símbolo da soberania, e o protecionismo das reservas de mercado, que sempre atrasaram o Brasil.

A Lava Jato poderia ser o embalo para abrir a empresas estrangeiras o mercado das empreiteiras e das concessões de obras públicas. Além dos motivos de tecnologia e eficiência, elas vêm de países, como os EUA, que punem empresas nacionais pelo pagamento de propinas para obter contratos no estrangeiro.

Não é pela cláusula moral, pela qual o capitalismo não tem grande amor. É pela deslealdade às concorrentes do país de origem – onde há dificuldade em explicar às auditorias, conselhos de administração e acionistas os pagamentos a políticos e funcionários corruptos.

Um dos delatores da Odebrecht diz que a empresa apostou em Beto Richa, desde que ainda prefeito de Curitiba:  R$ 100 mil para prefeito, R$ 450 mil para governador, R$ 2,5 mi para a reeleição de governador. Importante resgatar outra rara situação nas doações a Richa: não se pretendia nem se obteve qualquer contrapartida de Beto Richa.

A Odebrecht simplesmente apostou nele. Com Richa podia ser investimento a fundo perdido, relação platônica, porém com recôndito desejo, pois Beto, jovem, bonito, em ascensão, quem sabe seria presidente. O dinheiro para Beto veio da Odebrecht como sempre vieram a ele os votos de curitibanos e paranaenses, de mão beijada.

Como a Odebrecht, curitibanos e paranaenses vêm votando em Beto, que nem o sujeito que aposta sempre no mesmo número da loteria e nunca tem o bilhete sorteado. Se a Odebrecht não quis contrapartida, os eleitores de Beto estão à espera da contrapartida. Que nunca recebem. 

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