de Fernando Muniz
– Então, meu filho, o que temos para hoje? – a voz do padre, serena, esconde certa impaciência com aquela fila de fiéis e os seus pecados pedestres.
– Bom dia, seu padre. Hoje não tenho nada para contar ao senhor.
– Mas então por que entraste na fila?
– É que… deixa que eu explico – hesita um pouco, afinal está diante de uma autoridade, mesmo separados pelo biombo do confessionário.
– Sabe seu padre, eu vou pecar. Um pecado assim e assim.
– Mas ora vejam essa! Contar um pecado que ainda vai acontecer não é penitência! Controla-te, pensa em Deus e te afasta do mau caminho!
– Mas seu padre, e se eu não conseguir me afastar? – o rapaz passa os olhos pelos dedos, roídos de nervosismo. Hesita um pouco, mas não se aguenta.
– Quantas ave-marias eu levo? E os pais-nossos?
o sujeito da história vai matar. com certeza.