por Fernando Muniz
Três moleques subiam a Augusto Stresser, de sexta para sábado, a cento e vinte por hora, em um tapete de paralelepípedos, marretados pelos ecos da danceteria.
A árvore aguentou o abraço. Dois pararam por ali mesmo, na hora, presos às ferragens; trabalheira danada aos bombeiros. O terceiro, tão franzino e olhos ansiosos, de quem um dia seria feliz, parou de vez no Evangélico, duas horas depois.
Aos que ficaram restou somente a dor, mesmo após vinte anos. Ferida que reabre a toda freada brusca, ao canto de pneus ou, ainda, por alguma ambulância a cortar a madrugada.
Mas o que não deixa a ferida fechar é a impressão de que bravos foram os caídos pelo caminho, os que não retornaram para casa, os que permanecem na memória por terem vivido na carne todas as canções de protesto que possam ter existido.
A quem ficou, resta um gosto amargo na boca. De quem se habituou a viver uma paródia triste.
Infelizmente muita gente, para aprender, precisa passar pelo Evangélico. Outros aprendem com os que passaram pelo Evangélico, pena que muitos de nós adoramos passar pelo Evangélico para aprender. Bem diz o ditado, se não é pelo amor, vai pela dor mesmo.
E a´[i você escuta falar que os rafaeletes querem aumentar o limite de velocidade na área calma.