Rogério Distéfano
Conhece a palavra? Óbvio. E o conceito, na plenitude? Duvido – não que o considere ignorante; pelo contrário, você deve ter sido abençoado com o atributo inexistente no diletante, o da seriedade. Isso meio que explica o diletante.
Você, nāo diletante, leva a sério tudo que faz. Significa que é sério ou deva ser levado a sério? Não necessariamente – os políticos se levam extremamente a sério. E em definitivo não são nem um pouco diletantes.
Como estas linhas nāo vêm para louvar os sérios – a quem acabaria por ofender – falo dos diletantes. Dá no mesmo, são faces opostas da moeda. Quem, o quê, como é o diletante? É alguém que vive um drama interminável, incurável, o de não se levar a sério. Ao contrário dos que se levam a sério, os diletantes, bem sob a primeira derme, têm carência de autoestima.
O diletante é o sujeito que faz as coisas ocupado mais com o prazer que extrai delas que com o resultado em si. Ainda que busque o resultado, para o diletante este é o meio, não o fim. No entanto, sempre carrega o travo amargo da irrelevância, não dá valor ao que faz, já que não se valoriza.
O diletante pode o ser na profissão, onde não raro alcança algum sucesso. Algum, sim, porque o deus do sucesso premia sempre os comprometidos. Que são os sérios, a quem chamamos ‘profissionais’ – aqui a nota que também diferencia os diletantes.
Um é melhor que o outro? Seria ilógico dizer que sim. O que importaria, ao fim e ao cabo, na comparação entre eles, seriam os resultados e as intenções – como de resto tudo na vida. Mais que isso nada posso dizer. Afinal, nunca me levei a sério.