O disco furado do caos no sistema penitenciário brasileiro repete sempre o diagnóstico depois de tragédias como a de Manaus. Na cantilena de sempre a culpa da lentidão do sistema judiciário não é triscada. Passado o horror alimentado pela mídia, tudo volta ao horror de sempre, com as facções comandando as sucursais do inferno e também os exércitos do lado de fora. Se as chamadas autoridades até hoje não conseguiram resolver o problema técnico da entrada e funcionamento de telefones celulares dentro destes verdadeiros depósitos humanos, falar em ressocialização parece uma piada sem sentido e que ofende a inteligência de quem acompanha o problema. No Bananão não se resolve nem o estado deplorável dos hospitais e postos de atendimento de saúde da população que precisa deste serviço público essencial e deveria ser respeitada, porque paga a conta. Na jogada do band-aid marqueteiro dos governos, o ministro da Justiça repetiu ontem o de sempre: o governo vai gastar não sei quantos bilhões para dar um jeito na questão dos presídios. Num delírio surreal, depois de uma declaração dessa, poderia se ver até o sorriso nas cabeças decapitadas dos chacinados nas masmorras ao lado da floresta amazônica.