Rogério Distéfano
PONTA GROSSA, a nossa Princesa dos Campos, cidade especial. Nasci na comarca pelas mãos obstétrico-judaicas do doutor Davi Federmann. Aprendi a ler, escrever e contar com a professora Maria Antônia Andrade, autora do primeiro livro de alfabetização do Paraná. Ali, na Escola de Aplicação o primeiro amor, Eliane – sobrenome que omito em respeito a seus netos.
O trono periclitava e Pedro II esteve na cidade, dormiu na casa do Barão de Guaraúna, nobre local. Gumercindo Saraiva fez estripulias nos Campos Gerais durante a Revolução Federalista. Getúlio Vargas lá chimarreou na Revolução de Trinta, no trem que o traria a Curitiba para jantar no Grande Hotel Moderno, à espera do aviso da queda de Washington Luiz.
Ponta Grossa tem a melhor cerveja, a Original, o melhor churrasco, na Expedicionária do Cogo, o melhor sorvete, da Polar, o mais saboroso pastel de feira. E o sotaque paranaense mais carregado, tantalizante nos lábios opulentos de suas belas, opulentas polacas. Não esqueçamos Vila Velha, com as grutas e a lagoa dourada, patrimônios da humanidade.
Ponta Grossa tem ainda o motel mais arriscado. Nas vésperas do Natal uma cliente ficou desacordada ao cair do balanço erótico, no pilates do amor. Conheço do Gugle: o balanço é preso ao teto com extensores, e com ele a mulher vai e volta ao/de encontro ao parceiro. Nada li sobre homem no balanço. Consultado, o doutor César Kubiak diz que há literatura.
Ir ao motel brincar de parquinho? Diferente. O erótico vai em direção ao parceiro, que está de frente, pronto para acolher o/a passageiro/a. No parquinho empurra-se o balanço por trás. No motel o balanço vem de frente, o parceiro para, apara e manda de volta num moto, contínuo enquanto dure a dureza. Ao voo da imaginação, lembra o bilboquê.
Balanço erótico e bilboquê seguem a mesma física. Lembro o bilboquê, minha praia. Você segura o suporte na mão e faz um balanço, girando a bola no ar; ao final do balanço, puxa a bola para ela encaixar no suporte. Já me aconteceu de bola não encaixar no suporte e bater na (minha) cabeça. Mais ou menos como no motel de Ponta Grossa.
Comecei a enxergar Ponta Grossa por outros ângulos…
Este Rogério é ótimo ! A forma de interpretar e narrar deixa. a a crítica do social bem humorada e perspicaz.