7:36ARRIBA RENAN

Rogério Distéfano

TIVEMOS FERNANDO COLLOR, que surgiu feito cometa dizimando os marajás de Alagoas, ele um deles, nascido e cevado na casta. Renan Calheiros, por acaso também de Alagoas, não por acaso aliou-se a Collor no começo e depois rompeu com ele – falso puro, grande oportunista, Renan foi expoente no combate parlamentar da ditadura. Collor caiu via impiche, o primeiro que tivemos. Motivo, corrupção. Ambos sobreviveram marajás até a medula, manchados pelo óleo escuro do petróleo brasileiro, exalando o olor das empreiteiras.

Vínhamos de José Sarney, vice de Tancredo Neves, salvador natimorto da democracia. Avô e pai político de Aécio Neves, este pouco limpo na biografia de governador e candidato a presidente. O que nos leva a pensar sobre quem lhe ensinou aquilo que lhe faz má fama. José Sarney, dinossauro que sobreviveu e prosperou em todos os dilúvios das repúblicas de 1946, 1967 e 1988, depois de alavancar exponencialmente seu poder, sua influência e os negócios da família, recolhe-se a prudente esconderijo para evitar que um cometa leve sua espécie à extinção.

Passamos ao ensaio de Versalhes, com o príncipe moreninho no Planalto, Brasília brincando de século das luzes. Mera ilusão, grande engodo. Tudo como dantes, os mesmos métodos, o mesmo fruir do Estado e não avançar do povo, a única diferença no uso de luvas e lenços de seda. Bom lembrar que no palácio de Versalhes a pompa dos reis Bourbon convivia com dilúvios de urina debaixo das escadas, correndo pelos corredores. Veio Lula, hoje a mentira envergonhada, o falso profeta que leva os adoradores a criar e recriar a verdade inexistente.

Lula desembarca e passa o timão à herdeira Dilma, ataviada por ele com o vice Michel Temer. Duas vezes, que o esquema precisava de sócio, dos bons, forte e calejado na trapaça cívica, o PMDB. Dilma foi embaraço, estorvo para Lula e petistas. Tirando as peto-feministas que sonham com o mundo feito só de mulheres, a igreja do partido e os fiéis nunca souberam o que fazer com ela. Mas tiveram que defendê-la, como fazem até hoje, porque negá-la é negar a si mesmos. Prova disso está no esquecimento, do qual ninguém vai buscá-la.

Agora temos Temer, legado lulo-dílmico, que neles dói pelo golpe que sofreram – golpe de ingratidão, que exigem dos outros, não impõem a si mesmos. Temer, se conhece a História do Brasil, não se deteve em Café Filho, presidente que surgiu de um golpe e caiu por tentar outro. Ali no círculo do poder, testando sua força e testando as instituições, o grande sobrevivente, soberano protetor de todos os marajás, está Renan Calheiros. Nasceu com Collor, ajudou a derrubar Collor e ainda derruba esta república. Arriba Renan. 

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