Do jornal O Globo
Integrantes do MST são alvo de operação policial em três estados
Polícia diz que ação no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul envolve acusados de fazer parte de organização criminosa
O desdobramento de uma investigação contra integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que envolve acusação de furto, roubo, invasão de propriedade, incêndio criminoso, cárcere privado e porte ilegal de arma de fogo foi deflagrada hoje pela Polícia Civil nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
A polícia diz que a ação é contra uma “organização criminosa”.
A chamada “Operação Castra” conta coma participação de pelo menos 70 policiais, que cumprem 14 mandados de prisão preventiva, 10 de busca e apreensão e 2 de condução coercitiva.
Entre os alvos da operação estão o vereador Claudelei Torrente de Lima (PT), eleito nas últimas eleições em Quedas do Iguaçu (PR), e um dirigente nacional do movimento.
Em São Paulo, de acordo com o MST, a operação teria invadido a Escola Nacional Florestan Fernandes, que fica a em Guararema (60 km de São Paulo).
– “Os policiais chegaram por volta das 9h25, pularam o portão da escola e a janela da recepção e entraram atirando em direção às pessoas que se encontravam na escola. Os estilhaços de balas recolhidos comprovam que nenhuma delas é de borracha”, diz comunicado divulgado pelo MST.
A escola, segundo o movimento, teria amanhecido cercada por dez carros das polícias civil e militar.
Na ação, os policiais não teriam apresentado um mandado de busca e apreensão.
“O MST repudia a ação da polícia de São Paulo e exige que o governo e as instituições competentes tomem as medidas cabíveis nesse processo. Somos um movimento que luta pela democratização do acesso à terra no país e a ação descabida da polícia fere direitos constitucionais e democráticos”, diz a nota do MST.
Procurada no começo da tarde de hoje, a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo ainda não tinha informações sobre a operação em Guararema.
As acusações contra os integrantes do MST, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Paraná, surgiram após uma invasão de uma fazenda na cidade de Quedas do Iguaçu em março deste ano.
De acordo com a polícia, empregados da propriedade foram mantidos em cárcere privado e sob mira de armas.
Após a invasão, 1.300 cabeças de gado teriam desaparecido, o que teria provovado um prejuízo de R$ 5 milhões.
Parte do gado teria sido vendida por integrantes do MST, aponta a investigação.
As acusações contra os integrantes do movimento ainda envolve cobrança de taxa de R$ 35 mil para produtores fizessem a colheita de sua própria lavoura.